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4ª fase da Operação Carne Fraca mira pagamentos da BRF a fiscais federais.

Polícia Federal cumpre 68 mandados em nove estados — Foto: Divulgação/Polícia Federal

A Polícia Federal (PF) cumpre 68 mandados de busca e apreensão, na manhã desta terça-feira (1º), na 4ª fase da Operação Carne Fraca em nove estados do país. Esta fase investiga o pagamento de vantagens pela BRF a auditores fiscais agropecuários de vários estados para que atuassem em benefício da companhia.

De acordo com a decisão da Justiça que autorizou a operação, as investigações contaram com a colaboração espontânea da BRF, que prestou informações sobre o pagamento das vantagens aos servidores públicos e apontou quais eram os auditores favorecidos.

Segundo a representação do Ministério Público Federal (MPF) para solicitar as buscas à Justiça, 57 servidores eram pagos pela empresa.

A 1ª fase da Operação Carne Fraca foi deflagrada em 2017 para apurar o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos. Desde então foram investigadas a venda de produtos vencidos, uso de produtos químicos nas carnes e até a presença de papelão nos alimentos.

Segundo o MPF, as vantagens pagas pela BRF aos servidores do Ministério da Agricultura eram feitas de três formas:

planos de saúde ao fiscal e aos seus dependentes custeados pela empresa

pagamentos imotivados pela empresa diretamente aos fiscais para que não fiscalizassem fábricas da companhia

vantagens indiretas, como a promoção de parentes dos fiscais que eram funcionários da BRF

Polícia Federal cumpre 68 mandados em nove estados — Foto: Divulgação/Polícia Federal
Polícia Federal cumpre 68 mandados em nove estados — Foto: Divulgação/Polícia Federal

Há buscas na União Avícola, no Mato Grosso, que era usada pela BRF para repassar propina para fiscais agropecuários federais, segundo uma fonte da PF.

A União Avícola pertence ao ex-senador Cidinho Santos e, conforme apurou o G1, os mandados são cumpridos no endereço da empresa, em Nova Marilândia, e no escritório, que fica em Cuiabá.

G1 tenta localizar a defesa dos citados.

R$ 19 milhões para pagamentos indevidos

Aproximadamente R$ 19 milhões foram destinados a pagamentos indevidos, conforme a PF. Os valores eram pagos em espécie, por meio do custeio de planos de saúde e por contratos fictícios firmados com pessoas jurídicas que representavam o interesse dos fiscais.

De acordo com a PF, as práticas ilegais ocorreram até 2017. Elas pararam depois de uma reestruturação internada realizada no grupo, como informou a PF.

Veja onde as buscas são cumpridas

Paraná: Carambeí, Castro, Ponta Grossa e Curitiba

São Paulo: São Paulo

Santa Catarina: Balneário Camboriú, Blumenau, Itajaí, Navegantes, Capinzal, Chapecó, Herval d’Oeste, Joaçaba, Luzerna, Florianópolis e Videira

Goiás: Mineiros, Jataí, Rio Verde, Paranaiguara e Goiânia

Mato Grosso: Nova Mutum, Cuiabá, Nova Marilândia e Mirassol d’Oeste

Pará: Xinguara

Rio Grande do Sul: Lajeado, Nova Prata, São Jorge, Serafina Corrêa, Marau, Montenegro e Santa Cruz do Sul

Minas Gerais: Belo Horizonte

Rio de Janeiro: Rio de Janeiro

‘Romanos’

A 4ª fase da operação foi batizada de “Romanos”, em referência a passagens bíblicas do livro de Romanos que abordam temas como confissão e justiça.

G1 e Tv Globo

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