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Com apps e drones, produtores apostam no uso de tecnologias em fazendas para alavancar agronegócio no oeste da Bahia

Drones são usados por produtores para monitoramento de fazendas. — Foto: Reprodução/ TV Oeste

Do escritório, Paulo Schmidt controla, por meio de um aplicativo e de um programa de computador, um grupo de fazendas de cerca de 20 mil hectares de propriedade de sua família em Barreiras, no oeste da Bahia. A tecnologia tem sido uma aposta dele e de outros produtores para alavancar o agronegócio e aumentar os lucros na região, que responde hoje por um quarto de toda a riqueza gerada pela agricultura baiana.

Os aplicativos para gerenciamento da produção chegam a gerar um custo de R$ 300 mil por ano, mas Paulo garante que os resultados alcançados justificam o investimento. O monitoramento da produção, antes feito na caderneta de anotações e que levava dias para ser concluído, hoje pode ser resolvido em segundos pelo celular.

“Eu consigo descobrir qual é a eficiência dos meus operadores, das minhas máquinas. Eu consigo descobrir quais máquinas estão com o consumo de combustível alterado. Todos esses dados eu consigo fazer uma manutenção preventiva melhor. Eu consigo controlar a velocidade dos meus equipamentos”, enumerou Paulo.

O mais velho de três irmãos que, na década de 80, saíram do Rio Grande do Sul e foram morar no oeste baiano, Paulo e os familiares transformaram terras que eram pouco valorizadas em grandes e prósperas fazendas, aliando experiência da vida no campo ao auxílio da tecnologia. As fazendas gerenciadas por eles produzem algodão, soja e milho.

No escritório da família, tudo é informatizado. Pelo celular, um aplicativo gerencia 25 máquinas e, no computador, um programa mostra em gráficos como está a lavoura e o andamento da colheita, facilitando, assim, a tomada de decisões pelos produtores.

O irmão mais novo de Paulo, Davi Schmidt, ainda fica responsável por monitorar as fazendas usando um drone. Ele conta que não vive mais sem o auxílio tecnológico.

“Você já tem imagens de satélite para trabalhar com resoluções mais baixas, e o drone chegou para dar essa mesma vista espacial, só que de um nível de detalhamento muito maior”, pontuou.

A família Schmidt também usa um avião para observar do alto as propriedades, como outros produtores da região.

A Associação Barreirense Aerodesportiva (ABA) estima que a região tenha, atualmente, 150 aviões particulares e 300 agrícolas usados para pulverização das fazendas.

Parte da produção das fazendas gerenciadas pela família Schmidt é escoada por meio de caminhões e transportadas até Salvador, de onde segue em navios para a Ásia e a Europa.

Tecnologia em prol do agronegócio

Luís Eduardo Magalhães sedia Bahia Farm Show, considerada a maior feira de tecnologia agrícola do norte e nordeste e a terceira maior do Brasil. — Foto: Reprodução/TV Oeste

Luís Eduardo Magalhães sedia Bahia Farm Show, considerada a maior feira de tecnologia agrícola do norte e nordeste e a terceira maior do Brasil. — Foto: Reprodução/TV Oeste

A tecnologia é apontada pelos produtores como a grande responsável pela posição de destaque da região oeste na economia baiana. Há cerca de 30 anos, o oeste baiano não tinha nenhuma importância na produção de grãos. Hoje, a região colhe mais de 5 milhões de toneladas de soja por ano e é a segunda maior produtora de algodão do país.

Dos grãos, a soja é o principal e ocupa 65% da área cultivada na região, ou 5% da produção nacional.

Na média, a agropecuária responde por 7% da economia do estado. No oeste, ela gera 26% da riqueza da região e chega a sustentar mais da metade da economia de municípios como Jaborandi, São Desidério e Formosa do Rio Preto.

Em Luís Eduardo Magalhães, o PIB da agropecuária é de 10%. A cidade é a mais industrializada da região: 25% da atividade econômica vem da indústria. Uma indústria que transforma o que vem da agropecuária e é o melhor retrato da integração dos setores no chamado agronegócio de ponta.

A partir da próxima terça-feira (28), Luís Eduardo vai receber a 15ª Bahia Farm Show, considerada a maior feira de tecnologia agrícola do norte e nordeste do país e a terceira maior do Brasil.No evento, os visitantes podem conferir as inovações em tecnologia agrícola e a disseminação de conhecimento oferecidas por expositores, pesquisadores e empresas do setor agrícola.

O evento se ampara no otimismo de boas safras na região oeste para ter um retorno positivo. A projeção dos organizadores é alcançar a casa dos R$ 2 bilhões em volume de negócios. Em 2018 a feira atingiu a marca histórica de R$ 1,891 bilhão.

Graças a soja, principal produto de exportação da Bahia – responde por 23% das vendas -, Luís Eduardo Magalhães é o segundo maior município exportador do estado, atrás apenas de Camaçari, na região metropolitana de Salvador.

Mas a cidade não é a única: o oeste tem cinco municípios na lista dos 20 maiores exportadores baianos e responde por 21% das vendas externas do estado.

Em 2014, pela primeira vez o Nordeste ultrapassou o Sudeste na produção de grãos, e esse desempenho se deve justamente ao trabalho desenvolvido na região.

Além da soja, a região lidera a produção algodão, sorgo, feijão verde, melancia e banana. A extensão de terra plantada equivale a 11 vezes a área da cidade de São Paulo.

A agricultura mecanizada também gera empregos na região, mas exige mão de obra qualificada. Gilberci saiu desempregado da cidade de Irecê, no norte da Bahia, para trabalhar em uma fazenda no oeste baiano. Conta que, graças aos estudos, conseguiu triplicar o salário nos últimos anos.

“Eu fui em busca de conhecimento, aí eu fiz os cursos que precisava para estar hoje onde eu estou. Vou evoluindo de pouco a pouco, para estar hoje como coordenador de campo”, disse.

G1

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