A comédia romântica “Alguém como eu” estreia nesta quinta-feira (24) no Brasil, seis meses depois de chegar a Portugal, numa tentativa de aproximar o cinema dos dois países.
Para isso, a receita clássica do gênero – casal apaixonado tenta superar as trapalhadas antes do felizes para sempre – ganhou algo a mais. Protagonista ao lado de Paolla Oliveira, o ator português Ricardo Pereira, com vários trabalhos na TV brasileira, explica:
“Naturalmente, o filme tem um quê de novela. Não só por serem dois rostos conhecidos das novelas, mas também por serem rostos muito queridos.”
Produto de exportação do Brasil à Europa, as novelas são fator importante na relação com Portugal. E encaixaria bem numa trama para a TV o dilema da insatisfeita Helena (Paolla), que decide se mudar para Lisboa, onde conhece o bonitão Alex (Ricardo).
Talvez só se adequem mais ao cinema as sequências quentes da história – incluindo um close nos atributos traseiros do ator e uma cena de sexo entre Paolla e outra mulher, a portuguesa Sara Prata.
“Quis criar um enredo que fosse compreensível para portugueses e brasileiros, sobre uma mulher com problemas existenciais, como qualquer uma no mundo pode ser”, conta o diretor português Leonel Vieira. Ele completa:
“É uma história despretensiosa. Filmes podem ser entretenimento, mas bom entretenimento.”
No romance em questão, o que dificulta a felicidade do casal é um delírio de Helena. Insatisfeita com a relação, ela passa a enxergar o namorado com formas femininas. A trama discute sua necessidade de mudar a personalidade do parceiro.
“É um fato que sempre queremos ver no outro o que é parecido conosco ou o que estamos buscando. Mas o real encanto das relações é a diferença”, avalia Paolla. “A Helena é uma mulher confusa, caótica e é interessante por isso.”
Crise das comédias românticas
Diante de um declínio das comédias românticas no mercado internacional, a atriz acredita que o fenômeno passa longe do Brasil porque “ainda falta as pessoas irem mais aos cinemas”.
“Só perdemos alguma coisa quando ganhamos efetivamente. Temos muito público de comédias rasgadas e filmes mais cultos, mas nessa linha de comédia mais familiar ainda temos que fazer mais”, afirma.
Leonel aposta no gênero para emplacar seu trabalho no Brasil e diz ter se inspirado em Woody Allen para fazer “Alguém como eu”. Ele reconhece que não vai ser fácil:
“A comédia romântica é mais difícil de fazer. Para funcionar bem, ela precisa ter um texto muito afinado e um elenco potente. E os produtores têm mais dificuldade em arriscar. A comédia popular tem mais facilidade de financiamento e de retorno nas bilheterias.”
Carol Prado