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Cinema da Fundação Joaquim Nabuco tem programação regular para cegos e surdos

Ministro acompanha estreia do projeto Alumiar, em Recife

Com o lançamento do Projeto Alumiar, o cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) torna-se o primeiro do Brasil a exibir regularmente na sua programação sessões de filmes para pessoas com deficiências sensoriais, com audiodescrição, para pessoas cegas e de baixa visão, libras e Lse para pessoas surdas e ensurdecidas. A estreia aconteceu nesta sexta-feira, 17, no Recife, c om a presença do ministro da Educação, Mendonça Filho. “Essa é uma ação importante de integração social por parte da Fundaj e mais uma iniciativa do MEC na direção de políticas públicas que promovem acessibilidade e valorizam as pessoas com deficiência”, disse o ministro na cerimônia de inauguração do projeto, resultado de parceria entre o Ministério da Educação, a TV Escola e a Fundaj.

O Auto da Compadecida, longa-metragem de Guel Arraes baseado na obra do escritor Ariano Suassuna, marcou o início oficial do projeto. Pela primeira vez, o filme foi apresentado ao público nas três modalidades de acessibilidade comunicacional: audiodescrição, Língua Brasileira de Sinais (Libras) e legendas para surdos e ensurdecidos, tornando as histórias dos personagens Chicó e João Grilo acessíveis a todos.

Durante o evento, o ministro destacou a relevância do trabalho desenvolvido na Fundaj para manutenção de uma produção viva e preservação da história audiovisual do estado de Pernambuco. Ele afirmou, ainda, que a existência de uma agenda de exibições sistemáticas de filmes acessíveis a pessoas com deficiência sensorial contribui para isso. “Este é um marco importante: um cinema acessível ser ofertado por uma casa que sintetiza a história e a tradição do cinema pernambucano. Creio que essa iniciativa terá capacidade de ser replicada para além desta sala”, ressaltou.

A diretora de Cinema da Fundaj, Ana Farache, explica que o projeto atende um pedido recorrente de pessoas com deficiência ouvidas pela Fundaj. “Não estamos preocupados em apenas apresentar os filmes, mas em formar um público. Vamos oferecer transporte, fazer contato com associações e escolas, conversar com as pessoas após as sessões. Este é um projeto que pensa em discutir a acessibilidade no cinema”, afirmou Ana.

As sessões serão quinzenais e, de acordo com a diretora, o trabalho se estenderá para além da adaptação e exibição dos filmes. O Alumiar se propõe a ser uma ponte entre este público e estudantes, profissionais e pesquisadores da área da acessibilidade, produtores de audiovisual, alunos de artes visuais e o público em geral. Ainda estão previstos seminários e cursos sobre acessibilidade no cinema com especialistas brasileiros e internacionais. “Queremos discutir e avaliar o modelo de acessibilidade aplicado aos filmes”, acrescentou Ana.

Projeto – Em um ano, o projeto Alumiar tornará 20 longas-metragens brasileiros acessíveis nas três modalidades. A seleção das obras a serem adaptadas é feita mediante curadoria que prioriza a qualidade cultural e artística. Depois de apresentados no cinema da Fundaj, os filmes ficarão disponíveis para exibição na TV Escola e na TV do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines).

Para o presidente da Fundação Roquette Pinto, Fernando Veloso, o Alumiar é um dos projetos de maior abrangência em acessibilidade em comunicação no país. “Com a exibição dos longas na TV Escola e na TV Ines, será ampliado o número de pessoas beneficiadas com o projeto, pioneiro ao levar filmes brasileiros com as três acessibilidades comunicacionais no cinema, em um canal de televisão e em uma webtv”, apontou.

Maquete – Para facilitar o reconhecimento do espaço do cinema da Fundaj pelas pessoas cegas e com baixa visão, foi construída uma maquete tátil que representa, em detalhes, o conjunto de ambientes mobiliados que compõem o cinema, como a tela de projeção e palco, sala de exibição, poltronas (um total de 166), cabine de projeção e áreas de circulação e entrada.

A maquete foi confeccionada na escala de 1/25, com dimensões de 0,50m x 1,15m. Todos os elementos representados respeitam as características originais, como cores, texturas e formas. As legendas de orientação e descrição da maquete estão acompanhadas de caracteres em Braille.

MEC

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