Joachim Ronning já sabe manter mundos mágicos de pé. Fez esse serviço para Disney em 2017, com “Piratas do Caribe: A vingança de Salazar”, e repete o trabalho em 2019, com “Malévola: Dona do mal”, com estreia nesta quinta (17).
Ronning, de 47 anos, é um diretor norueguês com alguns prêmios por lá, mas ainda não tantas assinaturas nos Estados Unidos. Diante de um mundo extraordinário e da encarnação do mal, o que mais assustou e deslumbrou o diretor foram as miudezas das relações humanas.
“Toda sua construção precisava explodir em personagens reais com quem as pessoas se identifiquem. Este foi o maior desafio”, diz ao G1.
Angelina Jolie é a responsável por boa parte dos méritos do primeiro longa, de 2014. “Você conhece Angelina, e o que ela criou com esse personagem é provavelmente a maior vitória do filme”, admite ele. Mas para uma segunda história, era preciso expandir a narrativa.
Ronning parece satisfeito em intensificar as doses de tortura emocional da personagem: após o esforço que fez para se abrir aos sentimentos por Aurora, verá a menina partir e descobrirá que não é a única força do mal na terra.
Michelle Pfeiffer x Angelina Jolie
Michelle Pfeiffer, no papel de rainha Ingrith, vem para equilibrar a batalha. A chegada da atriz altera a dinâmica do filme, que alternava entre a força de Jolie e a doçura de Elle Fanning. A continuação será menos afetuosa.
“Michelle Pfeiffer estava no topo da minha lista. Porque você tem que ter uma atriz que pode ir contra Angelina Jolie. E não há muitas delas. É incrível vê-las duelando com enorme respeito uma pela outra”, diz o diretor.
Ronning ri ao dizer que é fã da atriz desde pequeno. E teve uma grata surpresa no set. “Além de ser extraordinária, ela é um prazer de se trabalhar”.
Nova história
Esqueça a velha história da Bela Adormecida. “Esta é uma história original, completamente nova”, promete Ronning.
As lentes estão focadas no universo da Malévola e narrativa ganha novos personagens. Chiwetel Ejiofor (“12 anos de escravidão”, “O rei Leão”) também se junta ao elenco.
E também sobre a natureza do mal. A vilania absoluta não interessa a Ronning, ele quer explorar todas os lados da maldade, até o mais frágil. A solidão também é tratada no longa.
Sempre citando as duas filhas, Ronning diz que é uma filme para a família. “É o que eu esperava para adultos que conheceram a história na infância, crianças que assistiram ao primeiro em 2014, e mesmo pra quem não gosta de histórias de princesas, há toda a história sobre relacionamentos. Acho que há algo para todos lá”, defende.
Vem sucesso aí?
“Malévola” foi um sucesso. Sua bilheteria mundial somou mais de US$ 758,5 milhões e passou 27 semanas em cartaz.
Recebeu crítica mista, com elogios absolutos à performance de Angelina. Era apenas o terceiro exemplar da era recente de remakes com atores de clássicos da Disney. Antes dele, só “101 Dálmatas”, em 1996, e “Alice”, em 2010.
Depois dele, abriu a porteira. Agora, o segundo filme é lançado em um ano permeado por três grandes produções do estúdio: “Dumbo”, “Aladdin” e “O Rei Leão”, este com bilheterias bilionárias.
O bom momento pode beneficiar o filme, mas também aumenta a competição e a exigência. “Quando ‘Malévola estreou, foi antes de que pudéssemos produzir esses filmes com facilidade. Agora, a competição é muito mais profunda. Mas com o maior número de lançamentos, o público se acostumou mais. Estão mais exigentes.”
Para o diretor, a crescente de lançamentos do estúdio em 2019 (quatro em dez meses) vai intensificar o ritmo nos próximos anos. “As pessoas gostam de revisitar as histórias que eles amam e Hollywood vai continuar fazendo esses filmes, é um processo muito natural.”
Thaís Matos