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‘Mulheres alteradas’ comédia nacional no cinema

´´Mulheres alteradas” é um ponto brilhante e frenético no meio da produção em série de comédias brasileiras com apelo popular. Bem diferente do que se costuma ver no gênero, o filme chega na próxima quinta (5) com uma caótica abordagem cartunesca das pressões do cotidiano feminino.

Baseada na obra da quadrinista argentina Maitena, a história coloca Alessandra Negrini, Deborah Secco, Monica Iozzi e Maria Casadevall à beira de um ataque com problemas amorosos, familiares, profissionais e existenciais.

Seus estereótipos – a workaholic, a infeliz no casamento, a mãe nervosa, a baladeira inconsequente – servem à trama na tentativa de subverter soluções fáceis de conflitos à lá “Sex and the city”.

O objetivo nem sempre é cumprido. Na trama de Marinati (Negrini), a que ganha mais espaço na tela, incomoda a oposição batida entre amor e trabalho, como se os dois não pudessem conviver na rotina de uma mulher.

Ótima no papel, a atriz é a que mais incorpora, entre as quatro, a atuação histriônica proposta pelo diretor estreante em longas Luis Pinheiro. Nela se manifesta certo tom surrealista da história, que rende cenas de sexo originais sem apelar para a exposição do corpo feminino.

Mas são os dilemas de Keka (Secco) e Sônia (Iozzi) que devem gerar maior identificação entre espectadoras. A primeira é a assistente de Marinati, que tenta a todo custo salvar o casamento falido com Dudu (Sergio Guizé) – irritante, como todos os homens do filme, propositalmente.

A segunda é mãe de dois filhos pequenos e irmã da imprudente Leandra (Casadevall). Atolada de tarefas domésticas e sem apoio do marido, ela desiste da vida social. Com o conflito mais profundo e complexo da história, merecia mais destaque.

Planos futuros

Mas esse é um problema que ainda pode ser resolvido. Produção e diretor não escondem o interesse em transformar “Mulheres alteradas” em uma série de TV.

Maior trunfo do longa, a estética criativa e vibrante, com planos-sequência bem colocados, edição e trilha histéricas, lembra mesmo uma boa produção televisiva. A referência vem provavelmente de “Lili a ex” (GNT), trabalho mais conhecido de Pinheiro, em que também faz parceria com o roteirista e cartunista Caco Galhardo.

Se seguir adiante, a história ainda pode ter muito a explorar. Sucesso nos anos 1990, as tirinhas de Maitena chegaram a 2018 com ar pop e vanguardista nas mãos do diretor. Não será difícil conquistar seguidoras fora do cinema.

 Carol Prado

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