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Nova versão de “Peter Pan” para o cinema faz referências a Nirvana e Ramones

Nova versão filme Peter Pan

Peter Pan é um dos mais fascinantes personagens do universo fantástico infanto juvenil. Além das inúmeras adaptações de suas aventuras em filmes, livros e peças teatrais, ele levou sua  condição de menino que se recusa a crescer aos campos da psicanálise e do comportamento.

Agora, o garoto ressurge no cinema pelas mãos do diretor inglês Joe Wright, que assina Peter Pan, uma das estreias desta semana.

Wright fez sua fama adaptando em ótimos dramas de época livros de autores como Jane Austen (Orgulho & Preconceito, 2005), Ian McEwan (Desejo e Reparação, 2007) e Leon Tolstoi (Anna Karenina, 2012), nos quais combinou reverência e inventividade.

Em Peter Pan, o cineasta encarou um gênero que lhe impôs seguir a cartilha mercadológica de uma superprodução que mira um amplo e diversificado público previamente familiarizado com o que espera encontrar na tela. Talvez isso explique o resultado irregular da sua releitura.

Apresentado no início do século 20 pelo escritor e dramaturgo escocês James M. Barrie, no palco e depois em livro — história contada no filme Em Busca da Terra do Nunca (2004), de Marc Forster —, o personagem fixou-se no imaginário de diferentes gerações com o desenho da Disney de 1953 e em longas-metragens como Hook: A Volta do Capitão Gancho (1991), de Steven Spielberg, e Peter Pan (2003), de P.J. Hogan.

A partir do roteiro de Jason Fuchs, Wright faz uma adaptação bastante livre da fábula. Estão ausentes, por exemplo, Wendy e seus irmãos e a fada Sininho.

O vilão não é o Capitão Gancho, mas outro pirata, Barba Negra (Hugh Jackman, que se sai bem dentro da grandiloquência dramatúrgica recorrente neste tipo de personagem).

O “era uma vez” tem início quando Peter é abandonado bebê à porta de um orfanato de Londres. Doze anos depois, com a cidade sob o bombardeio dos nazistas na II Guerra, o vivaz garoto (Levi Miller, com desempenho e desenvoltura à altura da missão) se diverte infernizando a vida da autoritária freira que comanda o local.

O guri logo percebe que o sumiço de garotos do orfanato e o tesouro que a diretora esconde estão relacionados: as crianças são entregues a Barba Negra para trabalharem como escravas nas minas da Terra do Nunca, nas quais o corsário busca extrair o mágico pó das fadas.

Chega o dia de Peter ser raptado pelos marujos do navio voador e descobrir que não apenas tem o dom de voar como também é o messias aguardado na Terra do Nunca para salvar as fadas do tirano. Na ilha mágica, Peter é recepcionado por mineradores cantando Smells Like Teen Spirit, do Nirvana. Já as execuções na prancha ordenadas por Barba Negra seguem no embalo do “Hey ho, let’s go!” de Blitzkrieg Bop, dos Ramones.

É mais ou menos por esse arriscado ponto de, digamos, transgressão, que a segura e criativa condução de Wright começa a fazer água.

Até então, o ritmo de aventura juvenil e suspense eram promissores. O clímax do confronto entre Peter Pan e Barba Negra coloca o pequeno herói na companhia de Hook (Garrett Hedlund), sujeito que cresceu nas minas — sim, é o Capitão Gancho em versão do bem —, e pela princesa nativa Tigrinha (Rooney Mara), esta com perfil mais próximo do original.

Peter vai cumprir seu destino na grande batalha contra o pirata cumprindo uma frenética gincana sobrecarregada de efeitos digitais, realçando uma pirotecnia visual que amortece os elementos lúdicos da trama e deixa crianças e adultos sem muito espaço para embarcar junto na fantasia.

Peter Pan
De Joe Wright
Aventura, EUA/Grã-Bretanha/Austrália, 2015, 111min, 10 anos.
Em cartaz nos cinemas com cópias 3D e convencionais, legendadas e dubladas.
Sócios e acompanhantes do Clube do Assinante têm 50% de desconto nos ingressos na Rede GNC.
Cotação: 3/5

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