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Elano artista plástico Influenciado por Carybé,usa traços ‘sem pretensão’ para criar arte

Elano Passos

O artista plástico Elano Passos iniciou sua carreira profissional como designer, mas foi sem querer que descobriu uma nova paixão. Há dois anos, enquanto desenhava com o seu filho, Elano revela que pegou uma caneta de nanquim que estava na mesa e, quando começou a desenhar os primeiros traços, gostou do resultado e decidiu continuar trabalhando com o material. O artista começou a profissionalizar os seus desenhos e decidiu não colorir suas obras. “Eu gostei tanto do contraste do preto no branco, que eu preferi manter […] Como eu penso muito na simplicidade, quanto menos cor, mais simples fica a arte. Eu tento sempre trazer a essência da arte e da ilustração que eu estou trabalhando”, afirma Elano.

 

O designer, que sempre busca humanizar suas obras, conta que o seu processo criativo “nasce sem pretensão alguma” e pode surgir em qualquer lugar. “Às vezes eu estou passando ou vejo alguma coisa interessante e começo a rabiscar em um guardanapo, ou num pedacinho de papel, e depois eu penso em uma linha mais definitiva”, revela o baiano. Influenciado principalmente por Carybé e Tarsila do Amaral, Elano declara que algumas obras que encontra na internet também servem como base para o seu trabalho. “Com a internet, hoje em dia a gente termina conhecendo tanta coisa e tantos artistas excelentes que são anônimos e não esperávamos que eles também iriam servir como referência”, fala o artista.

Em 2017, Elano participou de duas exposições. A primeira ocorreu em março no Shooping Cidade e teve como tema principal o aniversário de Salvador. A mostra “Salvador em Nanquim” foi o primeiro contato dele como artista com a cidade baiana e garantiu um retorno muito bom do público, fazendo com que ele ficasse ainda mais motivado para continuar. “Era um momento que eu tinha para realmente retribuir para Salvador, já que ele me inspira o tempo todo”, declarou. Quatro meses depois, o mesmo local convidou o artista para realizar uma exposição com uma duração maior, intitulada “Bahia em 4 estilos”, e Elano convidou outros três artistas que trabalham com técnicas diferentes para realizar o projeto junto com ele. “Pensando sempre no coletivo e no momento colaborativo, resolvi convidá-los”, conta.

Ainda no ano passado, Passos teve suas obras reconhecidas por dois grandes músicos baianos. Carlinhos Brown recebeu, durante uma das suas apresentações no Museu do Ritmo, um troféu-arte em que Elano tinha desenhado o cacique. “Foi um momento bacana, porque Brown é uma referência musical e um grande ídolo baiano”, explica Passos. Gilberto Gil foi o segundo artista a enaltecer o trabalho de Elano, que fez um desenho em homenagem aos 75 anos do músico. Passos revelou ao Bahia Notícias como o cantor ficou sabendo da sua obra: “Eu fiz uma arte e apenas publiquei nas redes sociais, e quando vi um dia ele repostando a obra, fiquei muito feliz”. “Para nós, que estamos começando na arte, receber o retorno de artistas renomados como eles é importantíssimo”, completa.

Elano também firmou uma parceria para o livro “Poesia que Transforma”, do cearense Bráulio Bessa, que ficou conhecido por suas participações no programa “Encontro com Fátima Bernardes”, da TV Globo. A publicação foi lançada em Salvador no início deste mês. Passos disse que encontrou o poeta pela primeira vez quando ele veio para Salvador no ano passado e teve a oportunidade de entregar uma obra que ele tinha feito em homenagem a uma das poesias do cearense. “De lá pra cá, a gente vinha se falando e fui surpreendido com a ligação da editora, em nome de Bráulio, que sugeriu meu nome para ilustrar o livro”, conta Elano. O ilustrador passou então por um processo diferente no momento de fazer os desenhos para o livro: “ele me mandou as poesias, e eu estava trabalhando em cima delas, então tinha que ter um processo de interpretação para trazer realmente a arte em cima do que ele estava escrevendo. Na ocasião, você tem a história toda dele, que é impressionante. Então você mergulha realmente no assunto e tenta viajar como o poeta viajou ali”.

Questionado sobre as dificuldades que o mercado da arte encontra, Elano se mostrou muito confiante com as obras que tem realizado. “Eu não estou sentindo tanta dificuldade, porque a minha arte tem uma identidade muito forte e eu tenho tido uma receptividade muito boa, tanto como obra de arte realmente, quanto a ilustração, que foi o que aconteceu de forma inesperada”. O artista acredita que o mercado de uma forma geral passa por dificuldades, mas destaca que está tranquilo com relação a isso, porque suas telas tiveram uma “aceitação muito boa do público”.

 

Aliás, as redes sociais se tornaram o principal meio para que pudesse criar uma relação com o público de fora de Salvador. “Isso tem contribuído bastante e criado uma conexão bem bacana com as pessoas de outros lugares”, afirma o ilustrador. Para atender a esses admiradores que não moram na capital baiana, Elano revela que já está articulando uma exposição grande fora da Bahia, para acontecer ainda no segundo semestre. Além disso, deve alçar voos ainda maiores: já tem alguns contatos no Canadá para tentar realizar uma exposição lá.

Lara Teixeira

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