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Morreu em São Paulo aos 61 anos o jornalista Otavio Frias Filho, da Folha.

Otavio Frias Filho

Morreu nesta 3ª feira (21.ago.2018) aos 61 anos o diretor de Redação do jornal Folha de S.Paulo, Otavio Frias Filho. O jornalista e diretor editorial do Grupo Folha lutava contra 1 câncer no pâncreas.

Otavio era o filho mais velho de Octavio Frias de Oliveira (1912-2007) empresário que comprou a Folha da Manhã em 1962 –empresa que publica a Folha de S.Paulo.

Formado em Direito e com pós-graduação em Ciências Sociais pela USP (Universidade de São Paulo), Frias Filho estreou em 1975 no jornal que viria a dirigir. Na época, redigia editoriais e auxiliava o diretor de redação, Cláudio Abramo.

Em 1978, passou a exercer a função de secretário do recém-criado Conselho Editorial do jornal.

Fez parte do processo de reforma editorial na década de 1980 que firmou a Folha como um dos principais jornais do país e assumiu a direção editorial em 1984. As mudanças na empresa ficaram conhecidas como ” Projeto Folha”, que organizou e publicou periodicamente documentos que traduziam a linha editorial do jornal.

Em um momento de grande polarização política, na transição do regime militar para a democracia, implantou a proposta de “valorizar os aspectos mais técnicos, mais profissionais do jornalismo, em detrimento da ideologização e da politização dominante”.

Já em 1984 implantou o manual de redação no jornal, que orientou o texto a um formato mais descritivo e rigoroso e introduziu recursos gráficos no cotidiano das reportagens.

Em 1984, a Folha ajudou a amalgamar vários movimentos civis a favor de eleições diretas para presidente.

Em 1991, Frias Filho recebeu em nome da Folha o prêmio Maria Moors Cabot de jornalismo, da Universidade Columbia (EUA).

A Folha alcançou sob Frias Filho a liderança em vendas entre jornais brasileiros. No início da década de 1990, chegou a ter 1,5 milhão de exemplares aos domingos.

ALÉM DO JORNALISMO
Otavio Frias Filho escreveu 6 peças de teatro –3 delas publicadas no livro “Tutankaton“, junto a ensaios sobre cultura.

Escreveu como colunista semanal do jornal de 1994 a 2004. Em 2000, seus textos foram reunidos no livro “De Ponta Cabeça“. Em 2003, publicou o livro “Queda Livre“, composto de 7 reportagens-ensaio sobre experiências de risco psicológico.

Escreveu ainda o infanto-juvenil “O Livro da 1ª Vez”, além de colaborar com contos em duas coletâneas da Companhia das Letrinhas.

Em 2009, publicou “Seleção Natural – Ensaios de Cultura e Política” –uma coletânea de 25 textos sobre teatro, cinema e jornalismo.

A última contribuição de Frias Filho para a Folha se deu na edição de 12 de agosto de 2018, quando escreveu o artigo “Um profeta na Terra de Santa Cruz”. Tratava do livro “Depois do Colonialismo Mental – Repensar e Reorganizar o Brasil” do filósofo brasileiro radicado nos EUA Mangabeira Unger.

Otavio Frias Filho era casado e tinha duas filhas.

O velório será realizado no Cemitério e Crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra (SP), a partir das 11h30.

A FOLHA

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