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Carlos Lima: Este ano novo não será o mesmo entre tantos já vividos

Carlos Lima

Vou fazer uma grande viagem; serei promovido; vou aumentar as vendas; vou deixar de fumar; vou fazer dieta; vou cortar refrigerantes, as promessas são quase infindáveis.

Todas esquecidas no dia seguinte.

O trauma da amnésia só será superado no próximo fim de ano. Todas as esperanças retornam e as promessas alicerçam o ego na virada do ano.

Com certeza já vivemos essa situação e vamos continuar repetindo-as ano após ano.

É como a esperança dos mais humildes, sempre esperando que o ano seguinte lhes trouxesse alimento para a família e vida digna.

Todos os anos os fatos se repetem. É a esperança sendo alimentada pelo desejo e postergada no próximo ano e no seguinte… Seguinte… Até que a vida se apague.

Espere, tem algo que não posso deixar de registrar.

Você sempre diz que neste novo ano será uma pessoa melhor.

Acredito que seja uma vontade interior que flui euforicamente nas festas de natal e na maioria das vezes contamina os sentimentos por uma noite.

Entretanto ao encarar a realidade na manhã do dia primeiro do ano, se enxerga a dura realidade, nada… Nada, absolutamente nada mudou. Sua vontade se esvai, escorre entre os próprios dedos.

Tudo volta ao mesmo lugar. Você continua com os mesmos pesadelos e problemas. Esquece até de tentar.

A mudança interior não é apenas uma questão de vontade. Lidamos de forma paradigmática com as escolhas da experiência adquirida.

Como se sabe há muito tempo, o cachimbo deixa a boca torta.

Estamos com miopia programática e é quase impossível nos reinventarmos e enxergar o nosso interior corrompido pela nicotina dos dias.

Mas o que conhecermos de nós mesmos?

Você já parou para analisar suas reações em certas situações, como você se comporta diante de um pedido de informação indo para o trabalho?

Você já deu socorro a um animal doente ou o maltratou?

Qual a sua reação diante de uma crítica?

Você aceita participar de mentiras?

Voltando as promessas, o seu desejo é realmente a sua vontade ou um embalo de ocasião.

Esse tema é muito vasto e envolve profundo conhecimento do Eu. É claro que não posso explicitá-lo em poucas linhas, quem sabe ainda escreva um tratado filosófico sobre o caso…

Entretanto penso que antes das promessas, precisamos refletir sobre o que fizemos; sobre o que somos; sobre no que podemos nos tornar e sobre a realidade dos nossos desejos.

Não será por falta dessas respostas que as promessas feitas na virada do ano nunca se concretizam?

Vamos receber 2018 sem muita novidade.

Carlos Lima

 

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