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Descoberto novo dinossauro que viveu no Brasil há 230 milhões de anos

De acordo com o paleontólogo Flávio Prettom, o fóssil é um dos dinos mais antigos do mundo

Pesquisadores brasileiros encontraram no Rio Grande do Sul o fóssil de um dinossauro que viveu há cerca de 230 milhões de anos e pode ser o “tataravô” dos gigantes herbívoros que caminharam pela Terra mais algumas dezenas de milhões de anos depois. Com estimados 1 metro de altura e 2,5 metros de comprimento, o animal, batizado Bagualosaurus agudoensis, ainda estava longe do tamanho dos seus “descendentes” mais famosos, como os titanossauros, que chegavam a 40 metros de comprimento e 20 metros de altura, mas já era grande para os padrões de sua época, conta Flávio Pretto, que identificou a nova espécie como parte de sua tese de doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e hoje é paleontólogo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), também no estado.

Segundo Pretto, além do tamanho incomum para a época, conhecida como Triássico Superior – que marcou a ascensão da icônica linhagem dos dinossauros, surgida após o maior episódio de extinção em massa já registrado em nosso planeta, no fim do período Permiano, que ficou conhecida como “a grande morte”, há aproximadamente 252 milhões de anos -, o Bagualosaurus agudoensis apresenta com adaptações em seus dentes para o melhor consumo de plantas, que acredita-se terem “alimentado” o gigantismo de seus “descendentes”.

– Sabemos que os dinossauros gigantes eram herbívoros, mas eles não surgiram como todo esse tamanho – lembra Pretto, destacando uma antiga dúvida dos especialistas se este tipo de dieta tinha precedido ou sucedido o gigantismo dos dinossauros, que a princípio era onívoros (animais que se alimentam tanto de vegetais quanto da carne de outros animais). – Mas a descoberta do Bagualosaurus indica que eles primeiro evoluíram para serem herbívoros mais eficientes para só depois se tornarem gigantes. E isso faz bastante sentido evolutivamente, pois para ter um corpo tão grande é preciso melhor capturar e processar a energia do alimento. Então foi a partir de espécies como o Bagualosaurus que começou a se encadear este processo de crescimento. Com certeza ele é uma peça importante para entender como isso tudo aconteceu.

O Bagualosaurus é a sétima espécie de dinossauro do Triássico descrita a partir de fósseis encontrados no Rio Grande do Sul, e os cientistas acreditam que ela deve ter convivido com quatro outras delas: Pampadromaeus barberenai, Saturnalia tupiniquim, Buriolestes schultzi e Staurikosaurus pricei. Seu fóssil foi encontrado no município de Agudo, no RS, o que explica a segunda parte de seu nome. Já a primeira parte foi tirada de uma gíria gaúcha usada inicialmente para se referir a cavalos fortes, “bagual”, e hoje é usada para animais de grande porte em geral.

– Resolvemos fazer esta brincadeira para destacar a dominância de seu tamanho, que começou a se esboçar já bem no início da linhagem dos dinossauros – conclui Pretto, que assina artigo sobre a descoberta publicado nesta sexta-feira no periódico científico britânico “Zoological Journal of the Linnean Society” ao lado dos colegas Max Langer, da USP, e Cesar Schultz, da UFRGS.

 

CESAR BAIMA

 

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