No dia 13 de maio de 1822, o Brigadeiro Domingos Alves Branco Muniz Barreto propôs que a Maçonaria conferisse a D. Pedro I o título de Protetor e Defensor Perpétuo do Brasil, para que, à dignidade de Regente, emanada do Soberano português, se juntasse outra outorgada pelo povo.
D. Pedro I, lembrando-se de Cromwell, não aceitou a palavra Protetor e ficou somente Defensor Perpétuo. Na época a Maçonaria funcionava na antiga Rua da Ajuda, na casa de Joaquim José da Rocha.
Ali começou a trama para forçar o príncipe a ficar no Brasil, desobedecendo ao chamado da metrópole e inutilizando a ação da tropa portuguesa do comando do General Avilez.
O Fico foi a porta aberta para o grito de “Independência ou Morte!”. Quando D. Pedro seguiu para o interior, para conquistar o apoio de Minas e S. Paulo, a Maçonaria decidiu recebê-lo no seu seio e dar-lhe o malhete de Grão-Mestre.
Na mesma noite do seu regresso da Paulicéia, tomou posse do cargo. Foi sem dúvida, José Bonifácio quem cuidadosamente o guiara até o seio da Loja.
Era ele, então, o Grão-Mestre em Exercício. Tomou o Imperador como maçom a alcunha ou nome de guerra de Guatimozin. Iniciado como aprendiz, e, em oito dias galgava todos os graus até o último.
Menezes Drummond conta que, no dia de sua aclamação, o Imperador se achava rodeado de todos os irmãos trazendo armas ocultas.
Mesmo antes de proclamada a independência e de se instituir o Império Brasileiro, formaram-se no seio da Maçonaria duas facções rivais, a de Gonçalves Lêdo e a de José Bonifácio.
Este dirigia os mais conservadores; aquele os mais liberais, os mais avançados. Girondinos e Jacobinos. Por isso o Patriarca deixou o Grande Oriente e fundou o Apostolado ou Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz.
D. Pedro foi eleito seu Arconte-Rei e José Bonifácio, Cônsul. Ambos prestaram juramento a 22 de junho de 1822.
O Imperador, como se vê, pertencia às duas facções maçônicas e procurou navegar entre elas sem choques bruscos. Todavia a de Lêdo exigiu dele o juramento prévio da Constituição que ia votada.
D. Pedro rebelou-se e, assomado de gênio como era, mandou na qualidade de Grão-Mestre a Gonçalves Lêdo a seguinte prancha:
“Cumprindo fazer certas averiguações públicas como particulares na Maçonaria, mando primo como Grão-Mestre que os trabalhos da maçonaria se suspendam até segunda ordem minha.”
“É o que tenho a participar-vos agora. Resta-me reiterar os meus protestos como irmão. Pedro Guatimozin, Grão-Mestre”.
Seco e expressivo. Lêdo submeteu-se, mas lançou a Marquesa de Santos contra José Bonifácio.
O Imperador, numa noite chuvosa, à frente de 50 soldados do Regimento de Artilharia Montada, entrava na sede do Apostolado, na Guarda Velha, onde hoje fica o Tabuleiro da Baiana, fechava o Templo e mandava carregar os arquivos para lugar seguro.
A luta entre o soberano e as facções maçônicas continuou daí por diante sem solução até a queda de Sua Majestade na madrugada de 7 de abril de 1831, provocada por aqueles mesmos liberais exaltados que já pensavam em república.
Um de seus jornais dizia nessa ocasião estas palavras significativas:
“O perjuro abdicou. Devemo-lo deixar partir em paz, podendo ele colher livremente os frutos das traições Cometidas contra nós”.
Confissão mais do que clara que D. Pedro I era um traidor da Ordem.
Até nossos dias atuais as insígnias maçônicas usadas por D. Pedro I estão guardadas no Museu Histórico, ao qual foram doadas pela Viscondesa de Cavalcanti, cujo marido, um dos estadistas do Império, as conservava com o maior carinho.
São as seguintes: faixa bordada a seda e ouro com a águia bicéfala de Cavaleiro Kadosch como pendente; avental de Grão-Mestre com a figura do templo à sombra da Acácia; malhete de sinais, de bronze dourado, com o nome do Imperador gravado em relevo; finíssimo espadim de lâmina de Toledo e punho de latão dourado e filigranado.
Ao lado dessas preciosas relíquias, há uma outra encontrada nos desvãos do Paço de S. Cristóvão, quando o mesmo foi entregue ao Museu Nacional. Trata-se dum gládio maçônico grande e forte, de punho singelo e bainha de veludo vermelho.
Acredita-se quer tenha pertencido também a D. Pedro I, de vez que D. Pedro II nunca fez parte, que se saiba, de qualquer sociedade secreta. Talvez seja o gládio de Arconte-Rei no Apostolado.
Tais peças recordam aos brasileiros de hoje o papel representado junto à Maçonaria pelo Imperador D. Pedro I, Guatimozin e Arconte-Rei ao mesmo tempo.
D. Pedro I, usado pela Maçonaria visando ampliação de poder, agindo contra seus princípios em menos de 10 transformou D. Pedro I de aprendiz a Grau Mestre, passando por todos os graus.
Em seguida acontece a primeira divisão na Maçonaria, nessa divisão Dom Pedro I também recebe o mais auto grau do grupo criado, tentou transitar nos dois grupos como o líder maior e terminou por fechar o Grande Oriente do Brasil e o Apostolado.
A luta entre o soberano e as facções maçônicas continuou daí por diante sem nenhuma solução até a queda de Sua Majestade na madrugada de 7 de abril de 1831, provocada por aqueles mesmos liberais exaltados que já pensavam em república.
Um de seus jornais dizia nessa ocasião estas palavras significativas: “O perjuro abdicou. Devemo-lo deixar partir em paz, podendo ele colher livremente os frutos das traições Cometidas contra nós”.
A Ordem Maçônica só foi oficialmente reaberta no começo do Segundo Império com D. Pedro II.
Cljornal em pesquisa em material histórico de Segredos e Revelações da História do Brasil, por Gustavo Barroso.