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Estudo detecta queda preocupante na população de insetos voadores

A queda no número de insetos preocupa porque foi identificada em reservas naturais da Alemanha, onde as espécies deveriam estar protegidas

A população de insetos está diminuindo drasticamente. Pelo menos tem sido assim nas últimas quase três décadas na Alemanha.

Um estudo feito em 63 áreas de proteção ambiental indica que, desde 1989, a redução foi de mais de 75% e comprova a suspeita de cientistas, que há anos estavam à procura de evidências empíricas de que o número de insetos que voam está em declínio.

As causas, contudo, ainda são incertas. Não se descarta, contudo, o efeito do uso de pesticidas e adubo na agricultura como um dos possíveis fatores dessa queda em grande escala.

Caspar Hallmann, da universidade holandesa Radboud, afirma que os achados da pesquisa confirmam o chamado “efeito para-brisa”.

“Confirmam o sentimento que todo mundo tinha: o do efeito para-brisa no qual você, à medida que o tempo passa, vê cada vez menos insetos batendo no vidro da frente do carro”, observa.

Evidências

O pesquisador diz que esse é o primeiro estudo que observou toda a população de insetos voadores e coletou evidências que indicam uma drástica redução.

Os dados incluem informações de milhares de insetos diferentes, como por exemplo abelhas, borboletas e mariposas. O declínio da população foi observado em diferentes condições. Cientistas acreditam que variáveis como habitat, uso da terra e do clima não interferiram na queda.

Por isso, os pesquisadores salientam a importância de adotar medidas conhecidas por atrair insetos, como uso de polonizadores, e estratégias capaz de minimizar os danos da agricultura intensiva. Também dizem ser necessário identificar rapidamente as possíveis causas e a extensão do declínio em cada uma das populações de insetos aéreos.

“Ainda não sabemos exatamente quais são as causas”, disse Hans de Kroon, também pesquisador da Universidade Radboud, que supervisionou o estudo.

Ele afirmou que o estudo mostra como é importante ter um monitoramento eficiente. “Precisamos de mais pesquisas olhando para as causas, isso é nossa prioridade”, destacou.

Preocupação

As evidências apontadas pelo estudo são ainda mais preocupantes porque foram observadas em reservas naturais, onde, em tese, insetos deveriam estar protegidos, assim como outras espécies.

“A agricultura moderna é um proporciona um ambiente hostil para insetos. É como um deserto, se não for pior”, argumentou De Kroon.

Ela afirmou que a redução da população está bem documentada. “A grande surpresa é que também está acontecendo em áreas de reservas naturais”, diz o cientista.

A morte em massa de insetos que voam afeta todo o ecossistema. Eles são fontes de alimentos para muitos pássaros, anfíbios, morcegos e répteis, e plantas dependem deles para a polinização.

O declínio apontado nas reservas alemãs, publicado na revista acadêmica Plos One, é mais severo que o identificado em estudos anteriores em outros países.

Pesquisas com insetos de quarto lugares distintos do Reino Unido entre 1973 e 2002 identificaram redução em apenas um desses locais.

 

Helen Briggs

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