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Feira de Santana e a mobilidade urbana/Por Alberto Peixoto

Antonio Alberto Peixoto

Mobilidade urbana “é a forma e os meios utilizados pela população para se deslocar dentro do espaço urbano. Para avaliar a mobilidade urbana é preciso levar em conta fatores como: a organização do território; fluxo de transporte de pessoas e mercadorias; os meios de transportes utilizados” – Juliana Bezerra. Bacharelada e Licenciada em História pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ).

Diretamente relacionada com o aumento do índice populacional em algumas cidades do país, a mobilidade urbana é vista como um dos principais desafios de gestão nas cidades da atualidade.

Este assunto sempre foi tema para debates e comentários, devido à opção pelo deslocamento através de veículo motorizado individual, que os peritos chamam de “paradigma do automóvel”. Tem que haver infraestrutura nas cidades modernas.

Quando o assunto é “mobilidade urbana”, Feira de Santana fica abaixo das expectativas. Não existe que se conheça, projetos e programas para melhorar a qualidade de vida e a acessibilidade dos que vivem na Cidade Princesa. O BRT é um “sonho” que dificilmente será realizado.

O trânsito de Feira de Santana é caótico. Aliado a isso, o condutor dos veículos que trafegam pela cidade, conhecedor da impunidade generalizada, comete todo tipo de infração possível. Invadem sinais, trafegam em sentido contrário à mão de direção permitida, praticam “roubadinhas”, estacionam nas calçadas, etc. Os pedestres não procedem de forma diferente.

Segundo números do Departamento de Trânsito da Bahia – DETRAN/BA –, Feira de Santana possui 272.154 carros, 76.890 motos. Provavelmente estes números já devem ter aumentado, além dos veículos das 12 cidades circunvizinhas que também circulam nesta cidade.

Os principais motivos que dificultam a mobilidade urbana em Feira de Santana, além dos citados, são: os desníveis nas confluências das artérias nas imediações dos semáforos como, por exemplo: no cruzamento da Rua Barão do Rio Branco com a Av. Getúlio Vargas existem três depressões que impedem os veículos de pequeno porte – automóveis – transitarem normalmente, causando lentidão no fluxo dos veículos. Isso acontece em diversas artérias da cidade.

Viadutos “de uma via só”, redutores de velocidade em excesso em vias de grande movimento – Fraga Maia, Presidente Dutra, etc – deixando o trânsito muito lento.

Estacionamento em fila dupla nas principais artérias, impossibilitando a normalidade do trânsito. Desordem total nos retornos, que se pode exemplificar com a falta de fiscalização pelo órgão fiscalizador competente- SMTT. A Praça Jackson do Amauri é o principal exemplo. Neste local a permissividade reina.

Sob outra perspectiva, temos o espaço público privatizado pelos ambulantes, dificultando o deslocamento dos pedestres.

Na Rua Marechal Deodoro, os transeuntes não podem usar normalmente as calçadas, onde as barracas de verduras, frutas, produtos do Paraguai entre outros artigos, tomam o espaço dos pedestres forçando-os a dividir as pistas com os veículos. Ou seja, Feira voltou a ser uma “grande feira”.

Nesta artéria o trânsito é extremamente desorganizado, sem horário estabelecido para carga e descarga. Caso haja a determinação de um horário para este procedimento, não é respeitado, dificultando o atendimento dos direitos básicos dos pedestres. Na Rua Boticário Moncorvo acontece a mesma coisa. E tudo isso às vistas da SMTT.

Em se falando em mobilidade urbana e infraestrutura, o profissional destinado a organizar o trânsito, ou nunca andou pelas artérias da cidade, ou aqui nunca esteve. Devem entregar o mapa da cidade para ele e, sem viver o dia a dia da cidade, projeta esta aberração que aí se encontra.

Alberto Peixoto, Escritor. (comendadoralbert@bol.com.br)

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