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Geisel, o presidente assassino/ Por Sérgio Jones*

Assassinados pela ditadura militar

O dever do cidadão é policiar os governos para que não permita cometer abusos. Mas pelo visto não foi assim que aconteceu. Este direito foi tirado do cidadão brasileiro com o golpe militar de 1964.

Data que entristece a todos os que se viram a mercê da bestialidade e da brutalidade humana praticada por uma casta de facínoras que posavam para o Brasil e o mundo como os novos redentores da moral, dos bons costumes. Além de se utilizarem de muitas outras frases ocas que só tinha como objetivo justificar os crimes hediondos perpetrados por uma casta de seres degenerados.

Na atualidade, quando nos deparamos com pessoas que pedem a volta dos militares ao poder o que se constata, e o que fica evidenciado, é que tal apelo parte do desconhecimento de muitos jovens que não vivenciaram os anos de chumbo ou de seres que foram submissos e coniventes, estes são profundamente mais vil do que os tiranos que se instalaram no governo de exceção.

O fato inconteste é que documentos da CIA provam de forma cristalina de que o general Geisel tinha plena consciência dos assassinatos dos “subversivos” e mesmo diante desta realidade, estabeleceu novas regras para dar continuidade às execuções. Informações estão em memorando de diretor da CIA a secretário de Estado, de 1974.

O documento foi encontrado pelo pesquisador da Fundação Getúlio Vargas Matias Spektor. O memorando narra uma reunião entre Geisel, recém-empossado na Presidência, e os generais Milton Tavares de Souza e Confúcio Danton de Paula Avelino, do Centro de Inteligência do Exército (CIE), e o general João Baptista Figueiredo, do Serviço Nacional de Inteligência (SNI), ocorrida no dia 30 de março de 1974. O documento foi encontrado por Matias Spector, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

De acordo com o relato de Colby, o general Milton falou sobre as atividades do CIE no combate a “alvos subversivos” durante a Presidência de Emílio Garrastazu Medici (1969-1974). Ainda de acordo com o documento, o general enfatizou que o Brasil não podia ignorar a “ameaça terrorista” e que “métodos extra-judiciais” [ilegais] deveriam continuar sendo utilizados contra “subversivos perigosos.”

Em seguida, conforme evidencia o documento, o general que chefiou o CIE observa que 104 pessoas foram “sumariamente executadas” pelo órgão de inteligência do Exército. Figueiredo, que chefiava o SNI e viria a suceder Geisel na Presidência, apoiou a continuidade da política de extermínio delineada por Milton.

Mesmo reconhecendo a gravidade do prosseguimento de permitir este modelo de “política”. Em uma reunião ocorrida no dia posterior, em 1o de abril de 1974, Geisel disse a Figueiredo que a eliminação de opositores poderia prosseguir dentro de alguns critérios: 1) Os alvos seriam apenas “subversivos [considerados] perigosos”; 2) No caso de presos pelo CIE que se enquadrassem nesta categoria, Figueiredo deveria ser consultado e aprovar cada execução antes de acontecer.

O documento coloca às claras os momentos-chave da sórdida ditadura brasileira. Sucessor de Medici, Geisel foi o responsável por iniciar o desmonte do AI-5, extinguindo a censura e direcionando o país para a abertura “ampla,

gradual e segura”, que ganharia corpo com a anistia de 1979 e que levaria ao fim do regime em 1985. Os anos de chumbo foram o maior período da mais forte repressão na Ditadura Militar Brasileira, tendo o seu começo em 1968 com a promulgação do Ato Institucional número 5 (AI5), até o final do governo Médici, mais precisamente em março de 1974.

Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)

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