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Leonardo Boof: agrotóxico não mata só as pragas das lavouras, matam seres humanos/Sérgio Jones

Stédile e Boff

Contrariando na prática o que vive alardear, de forma irresponsável, a bancada criminosa de ruralista no Congresso Nacional Brasileiro. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que tem como pressupostos três objetivos precípuos: lutar pela terra, reforma agrária e por uma sociedade mais justa. Incide sobre os indicadores da agropecuária no país.

Em 2015, o Ministério da Agricultura constatou que o total de agricultores certificados para a produção livre de agrotóxicos duplicou no período de 12 meses, ultrapassando 10,5 mil produtores.

Até 2019, a certificação orgânica deverá envolver 30 mil produtores. No Rio Grande do Sul, a agricultura familiar vem respondendo por mais da metade das receitas provenientes da atividade agropecuária na última década. Nesse período, as unidades de produção familiares geridas de forma sustentável responderam por 49% dos R$ 14 bilhões de receitas geradas pela atividade agropecuária.

MST é líder na produção de arroz orgânico na América Latina

Os sem-terra brasileiros despontam na liderança como os maiores produtores de arroz agroecológico da América Latina, atividade que envolve 616 famílias em área plantada de 5 mil hectares (cerca de 5% da área total de arroz no Estado) nos 22 assentamentos localizados em 16 municípios gaúchos. A safra 2016-2017 é a maior da história dos assentamentos, com a colheita de 27 mil toneladas ou 550 mil sacas, produção 40% superior à colheita do ano passado. As famílias de agricultores envolvidas no cultivo de grãos e sementes estão organizadas no Grupo Gestor do Arroz Agroecológico.

De acordo com Emerson Giacomelli, coordenador da iniciativa, durante a abertura da 14ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz Agroecológico, no dia 17 de março. Evento que reuniu centenas de agricultores sem-terra na sede comunitária Cooperativa de Produção Agropecuária Nova Santa Rita, localizada no Assentamento Capela, no município de Nova Santa Rita, a 40 quilômetros de Porto Alegre.Contou com as presenças de João Pedro Stédile, da coordenação nacional do MST e do frei Leonardo Boff.

Em discurso proferido por Stédile, ele disse: “A agroecologia é símbolo da resistência do povo brasileiro. Vocês que vêm se dedicando, nestes 15 anos, a produzir arroz orgânico são motivos de orgulho do nosso movimento e representam a prova de que é possível outra agricultura, sem usar veneno e transgênicos”.

As lideranças presentes, durante o encontro, destacaram que os agrotóxicos não foram inventados para produzir alimentos para todos, mas tendo como objetivo elevar os lucros dos ruralistas, não levando em conta a saúde do povo brasileiro. Frei Lenardo Boof foi categórico e enfático durante o seu discurso, ao denunciar que o agrotóxico não mata só as pragas da lavoura, matam os seres humanos e tudo que dá vitalidade a terra.

Sérgio Jones, jornalista (sergiojones@live.com)

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