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‘Não vou parar de fazer minha música por causa da religião’, diz Wesley Safadão

Wesley Safadão, que vai comandar o 'So toca top', na rede Globo, ao lado da cantora e atriz Lucy Alves Foto: Fábio Rocha / Divulgação

 Mais de 15 anos depois de estrear na música,Wesley Safadão segue expandindo seus domínios. Recentemente, fez uma defesa do funk ao gravar “Desencana”, com o MC Kekel. Para promover o batidão, o forrozeiro fez risquinho na sobrancelha, raspou a lateral da cabeça, pintou o cabelo de azul e fez várias tatuagens. Todas falsas, já que o cearense tem “um medo horroroso de agulhas”:

— Era tudo para pegar a galera de surpresa — diz ele ao GLOBO, antes de entrar nos estúdios da Rede Globo, em São Paulo, para gravar seu segundo programa no comando do “Só toca top” ao lado da atriz, cantora, compositora e multi-instrumentista Lucy Alves , sob a direção artística de Raoni Carneiro.

Neste sábado, às 15h, a dupla faz sua estreia seguindo o rodízio iniciado por Iza e Toni Garrido, que comandaram os primeiros episódios da temporada, e que terá na sequência as irmãs sertanejas Maiara & Maraísa.

Lucy Alves e Wesley Safadão substituem IZA e Toni Garrido no comando do programa 'So toca top' Foto: Fábio Rocha / Divulgação
Lucy Alves e Wesley Safadão substituem IZA e Toni Garrido no comando do programa ‘So toca top’ Foto: Fábio Rocha / Divulgação

“Desencana” sai no fim do mês. Como você a define?

É uma mistura de pop com funk, uma letra muito bacana, eu acredito muito nessa música. Acho é uma das melhores que eu vou lançar este ano. Eu vejo muita gente falando que não gosta de funk, mas quando vai para a balada e toca um, o cara vai lá e dança. Como é que não gosta de funk? Por isso, a gente não pode generalizar.

Por isso disse achar que o funk está ameaçado?

Desde sempre, o funk sempre foi muito atacado, o povo bate muito nesse ritmo. E eu sempre digo que, em qualquer profissão, existem pessoas do bem e do mal. Tenho muitos amigos no meio do funk e sei que são pessoas do bem, de coração gigante que estão ali fazendo seu trabalho. E muitas vezes pagam por outras pessoas. O funk em si não pode ser penalizado.

Você não é atacado pelo duplo sentido e pela sensualidade do forró?

É a mesma coisa. Faziam terrorismo comigo, diziam: “Você vai cantar no Sul, e o povo é bairrista, vão te atacar…” Eu nunca senti isso. O nosso país é muito grande, cada região tem uma cultura. Então, faço meu show de acordo com cada lugar em que estou, mas não mudo a minha essência. Hoje, tenho mais cuidado, porque também tem um público infantil. Eu gravei uma música com a Marília Mendonça, “Ninguém é de ferro”, que diz assim: “Se eu ligar, dá merda…”. Mudamos para: “E se eu ligar, já era”. Tenho três filhos pequenos, e um deles, justamente a menina, me perguntou: “Mas, papai, você está falando nome feio?”. Então, tem que ter muito cuidado.

“Faço meu show de acordo com cada lugar em que estou, mas não mudo a minha essência. Hoje, tenho mais cuidado, porque também tem um público infantil.”

WESLEY SAFADÃO
Cantor e compositor

Como é o cenário da música brasileira com o streaming e sem tanto domínio das gravadoras?

Antigamente, gravava-se um CD, a gravadora distribuía. Era assim quando eu comecei a minha carreira, em 2002. Uma música estourava em São Paulo e chegava ao Ceará dois anos depois. Com as redes sociais, as coisas estão mais rápidas. Hoje, eu gravo alguma coisa aqui no meu celular e a música está no mundo. Não tem como não ser diferente, a gente tem que se adaptar. O que não pode fazer é parar de trabalhar.

Como tem lidado com a exposição?

O sucesso tem o ônus e o bônus. E a cada dia que passa a gente aprende. Por exemplo, a cada comentário bestinha ( nas redes sociais ), eu ia lá e queria responder. Agora, procuro não olhar. O que a internet pode me dar de positivo? Aqui, posso divulgar as minhas músicas, posso falar com o meu fã, ter um termômetro dos shows. O resto, procuro deixar de lado, porque coisa ruim sempre vai ter. Temos de entender que somos muito maiores do que tudo isso. Nós chegamos aqui trabalhando muito, com a proteção de Deus, com uma equipe e família apoiando.

Você é religioso?

Sou cristão. Poderia ser até mais. Sempre busco estar próximo de Deus. Mudou muito a minha vida, o meu modo de pensar, de agir. Hoje, consigo fazer tudo o que gosto. Antes, não tinha tempo para nada.

E como concilia as duas coisas: a religião e o forró?

Assim que eu fiz o meu batismo, em 2017, muita gente falou que ia parar de fazer isso e aquilo. Não vou parar de fazer meu trabalho, minha música. Posso falar de Deus para muitas pessoas que não vão na igreja. O meio em que a gente vive é muito louco. Era católico, mas não praticante. Começamos a participar de alguns encontros ( evangélicos ) e comecei a entender a religião. Foi uma construção e uma decisão acertada.

Em 2018, você teve problemas com a sua ex-mulher, a influenciadora Mileide Mihaile, que move um processo por calúnia, injúria e difamação. Como estão as coisas?

Deu uma maneirada. O ano passado foi bem difícil. Em relação às redes sociais, foi mais um grande aprendizado. Quando se é artista e se passa por uma situação como essa, as pessoas caem em cima. Quem me conhece sabe que isso foi resolvido. Eu quero que as pessoas gostem de mim como artista, a minha vida pessoal é outra coisa. Não sou perfeito, busco ser melhor a cada dia. Se tem alguma coisa que não fica claro, a verdade sempre aparece.

O Globo

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