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Relógio biológico podem aumentar o risco de desenvolver problemas de humor, diz estudo

Solidão, depressão, viagem

Um estudo divulgado nesta terça-feira (15) pela publicação médica The Lancet Psychiatry revela que alterações no relógio biológico podem aumentar o risco de desenvolver problemas de humor, que variam de diferentes graus de solidão a depressão severa e transtorno bipolar.

O maior estudo já realizado sobre o tema, envolvendo mais de 91 mil pessoas, também associa o chamado relógio biológico, ou ritmo circadiano, a um declínio das funções cognitivas, como memória e capacidade de concentração. Esse ritmo, que regula os ciclos diurnos e noturnos, influencia os padrões de sono, a liberação de hormônios e até a temperatura do corpo.

Pesquisas anteriores também sugeriam que a disrupção desses três fatores poderia afetar a saúde mental. Esses estudos, porém, eram inconclusivos. A maioria dos dados eram reportados pelos próprios participantes, concentrados em grupos reduzidos, fazendo com que as informações fossem muitas vezes distorcidas.

Uma equipe internacional liderada pela psicóloga Laura Lyall, da Universidade de Glasgow, analisou informações de 91.105 pessoas com idades entre 37 e 73 anos, retiradas do banco de dados biológicos UK Biobank do Reino Unido, um dos mais completos arquivos de saúde existentes.

Os voluntários usavam aparelhos chamados acelerômetros, que medem os padrões dos períodos de descanso e atividade. Esses dados foram comparados com seus registros mentais, também retirados do UK Biobank.

Indivíduos com antecedentes de alterações em seus ritmos naturais – os que trabalham durante a noite ou sofrem com frequência os efeitos de longas viagens – tendem a possuir riscos de transtornos de humor, sentimentos de tristeza e problemas cognitivos pela vida toda.

Os resultados se confirmaram também quando levado em conta o impacto causado por fatores como idade avançada, estilo de vida não saudável, obesidade e traumas de infância.

O estudo, porém, não é capaz de afirmar de modo conclusivo que as perturbações no relógio biológico são causas de danos mentais. No entanto, as conclusões “reforçam a ideia de que os distúrbios de humor estão associados às perturbações do ritmo circadiano”, afirma Lyall.

As medições dos ciclos de descanso e atividade podem ser uma ferramenta útil para identificar e tratar as pessoas com risco maior de sofrer depressão ou transtorno bipolar.

No ano passado, o prêmio Nobel de Medicina foi dedicado a três cientistas americanos que realizaram avanços pioneiros na compreensão do funcionamento dos relógios biológicos.

Deutsche Welle

 

 

 

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