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A carne é forte, diz o pregão da B3

Foto: Divulgação

“A carne é forte”, parece gritar o pregão final da B3 hoje, ao exibir as ações da carteira do Ibovespa com a maior valorização no dia: JBS com alta de 8,48%; Marfrig, com valorização de 7,42% no dia e BRF, com ganho diário de 7,24%. No dia, o Ibovespa avançou 1,25%. Além das ações do grupo produtor e exportador de proteína animal, a alta mais expressiva foi da Vale, que subiu 3,45% depois que a Justiça autorizou a retomada das operações do complexo de Brututu, um dos maiores em Minas Gerais.

O interessante é que a valorização das ações de empresas produtoras de proteína animal se consolidou depois do almoço do presidente Bolsonaro com os embaixadores dos países árabes acreditados em Brasília, um trabalho de convencimento da ministra da Agricultura, Tereza Cristina Corrêa, na última sexta-feira, em Brasília. Como se sabe, as relações ficaram estremecidas depois da visita presidencial a Israel e a visita ao muro das lamentações, em companhia do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

O Brasil não mudou a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, como Bolsonaro prometeu na campanha, mas deixou a turma do agronegócio apreensiva com a reação dos países árabes, que são os maiores consumidores de carne de frango Halal (os animais são criados, alimentados e abatidos seguindo os rituais muçulmanos). O almoço teria acalmados os ânimos.

Pelo menos assim indicam as altas dos três últimos pregões e no acumulado do mês:

Os papéis da BRF, que caíram muito em 2017 e 2018 devido às sucessivas operações sanitárias e fiscais que apanharam a maior exportadora brasileira de carne de frango, já acumulam alta de 22,21% em abril.

As ações do frigorífico JBS, o maior exportador de carne bovina do Brasil, mas também forte em aves, com o frigorífico Seara, afiliado, sobem 22,17% no mês.

Já os papéis do grupo Marfrig, que já rivaliza com a JBS-Friboi na exportação de carne bovina, acumulam valorização de 21.07% no mês de abril.

Algumas razões para o otimismo. A demanda da China, que é o maior consumidor de carne suína, de aves e de bovinos do mundo tende a crescer, com os surtos de gripe aviária e suína. Os países árabes não têm, a curto e médio prazo, alternativa de fornecimento caso cortassem as encomendas do Brasil. Os custos de produção no Brasil são competitivos, pela superoferta de soja e milho, que são convertidos em carne de frango com 45 dias, em carne de suínos num ciclo de 18 meses (há abates de leitões a partir dos 8 meses) e o ciclo de dois anos e meio, do nascimento até o abate.

Estudo do Departamento Econômico do Bradesco indica que o Brasil será responsável pelo incremento de 50% do consumo de carnes (bovina, suína e de aves) nos próximos 10 anos.

O Brasil responde hoje por mais de 34% das exportações mundiais de carne de frango, de 8% das exportações de carne suína (a área de maior potencial) e de 21% no mercado mundial de carne bovina exportada.

JB

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