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A mandioca e os idiotas

Uma verdade esquecida

Primeiro foram os coxinhas juvenis. Agora, as múmias temeristas que resolveram, como bons idiotas que são, usar como deboche o elogio da ex-presidente Dilma Rouseff aos produtores de mandioca .

Claro, não acham ruim falar do agronegócio da soja, que os porcos comem, na forma de farelo, mas acham um horror o prato tão comum e principal fonte de amido – é o que tem a batata, para quem não sabe – da mesa do pobre em muitas regiões do país, embora aquela amarelinha, com consistência cremosa ainda arranque suspiros da memória de um diabético (amido se transforma em açúcar, como se sabe).

Não é só na memória afetiva dos brasileiros que a mandioca é importante – dela, Jorge Amado escreveu em seu Navegação de Cabotagem:  “onde quer que esteja levo o Brasil comigo mas, ai de mim, não levo farinha de mandioca e sinto falta todos os dias, ao almoço e ao jantar”.

É em nossa história.

Certamente, no alto de sua estupidez – aliás, o sr. Temer diz-se um constitucionalista, deveria saber – que mandioca já foi medida de riqueza no Brasil.

Aquela que deveria ser a primeira Constituição Brasileira, em 1.823, abortada pela intervenção de Pedro I, ganhou o apelido de “Constituição da Mandioca”, porque o direito de voto, que era censitário, só seria dado a quem  tivesse no mínimo de 150 alqueires de plantação de mandioca. que elegeriam um colégio eleitoral, provincial, delegados que precisavam ter no mínimo de 250 alqueires da raiz e que, por sua vez,  elegeriam deputados e senadores, dos quais eram exigidos,  500 e 1000 alqueires, respectivamente, para se candidatarem.

A mandioca era quase um símbolo nacional, como o chá que – fortemente taxado pelos ingleses – esteve nas origens da formação dos EUA, tanto que os ultra conservadores de lá se organizam do Tea Party.

Em 1817, na “Revolução dos Padres”, em Pernambuco, eles deixaram de fazer hóstias de trigo para fazê-las com tapioca. Mandioca, portanto.

Ao presente.

Até 1991,  o Brasil era o maior produtor mundial de mandioca. Hoje é o quarto, atrás da Nigéria, Tailândia e Indonésia.

E a passos largos para ficar mais para trás: a produção brasileira, que já foi de 27 milhões de toneladas, este ano deve ficar abaixo de 21 milhões.

Com uma produtividade menor que a da república africana de Gana. Ainda assim é a quinta maior cultura agrícola do país, atrás apenas da  soja, de cana de açúcar, do milho e do arroz.

Aos preços registrados, em média, pelas pesquisas da Companhia Nacional de Abastecimento – fresquinhos, já do Governo Temer – uma bagatela de R$ 38 bilhões.

Mas os “coxinhas” e , agora, a turma da pirâmide peemedebista debocham, usando o pobre vegetal com um duplo sentido escandalosamente fálico.

Talvez seja o único que venham a conhecer com este tipo de apelação imbecil.

Deviam aprender com João Doria e sua “farinata” no que dá debochar da comida dos pobres.

Fernando Brito

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