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Mercado chinês despenca,após Trump fazer nova ameaça comercial

Homem se desespera ao olhar o mercado de ações em uma corretora de Xangai, na China

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor tarifa de 10% sobre US$ 200 bilhões em bens chineses e Pequim alertou que irá retaliar, em um rápido agravamento do conflito comercial entre as duas maiores economias do mundo. A mais recente ação de Trump foi inesperadamente rápida e incisiva.
Foi uma retaliação pela decisão da China de elevar as tarifas sobre US$ 50 bilhões em bens dos EUA, que foi tomada depois de Trump anunciar taxas similares sobre bens chineses na sexta-feira (15).
“Depois que o processo legal estiver finalizado, essas tarifas entrarão em vigor se a China se recusar a mudar sua práticas, e também se insistir em avançar com novas tarifas que anunciou recentemente”, disse Trump em comunicado na segunda-feira (18).
As declarações derrubaram os mercados acionários globais e enfraqueceram tanto o dólar quanto o iuan nesta terça-feira. As ações de Xangai atingiram mínimas de dois anos.
O Ministério do Comércio da China disse que Pequim vai reagir com medidas “qualitativas” e “quantitativas” se os EUA publicarem uma lista adicional de tarifas sobre bens chineses.
“Tal prática de pressão extrema e chantagem diverge do consenso alcançado por ambos os lados em várias ocasiões”, disse o ministério em comunicado.
“Os Estados Unidos iniciaram uma guerra comercial e violaram regulações de mercado, e estão prejudicando os interesses não apenas do povo da China e dos EUA, mas do mundo.”
Grupos empresariais dos EUA disseram que seus membros estão se preparando para uma reação do governo chinês que afetará todas as empresas norte-americanas na China, não apenas em setores que enfrentaram tarifas.
Queda nas bolsas da China

As ações de Xangai despencaram quase 4% nesta terça-feira (19), para a mínima de dois anos, enquanto o iuan caiu para o menor nível em mais de cinco meses em relação ao dólar, uma vez que as novas ameaças tarifárias de Washington contra a China aumentaram os indícios de uma guerra comercial plena.

As perdas, que acontecem apesar de uma injeção de liquidez inesperada pelo banco central, podem desencadear uma espiral descendente que pode tirar dos trilhos a tentativa de Pequim de atrair grandes listagens internacionais, particularmente de gigantes de alta tecnologia.
O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 3,55%, enquanto o índice de Xangai teve queda de 3,82%, depois de chegar a cair mais de 5% durante o pregão.
Enquanto isso, o iuan enfraqueceu para uma mínima de 6,4754 por dólar, nível mais fraco desde 12 de janeiro.
“É o momento mais sombria e o momento mais agonizante do primeiro semestre deste ano … há vítimas de desastres em todos os lugares”, escreveu Zhang Yidong, estrategista da Industrial Securities, nesta terça-feira, em nota.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor tarifa de 10 por cento sobre 200 bilhões em bens chineses e Pequim alertou que irá retaliar, em um rápido agravamento do conflito comercial entre as duas maiores economias do mundo.
O restante do mercado asiático também foi pressionado pelas ameaças do presidente dos EUA de novas tarifas e pelo agravamento da disputa comercial entre norte-americanos e chinesas.
Ações europeias são afetadas

A intensificação da guerra protecionista entre os Estados Unidos e a China também ampliou as vendas generalizadas no mercado acionário europeu, com as ações de automóveis, mineração e tecnologia no olho do furacão.
Às 8h27 (horário de Brasília), o índice FTSEEurofirst 300 caía 1,01%, a 1.494 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdia 0,96%, a 382 pontos, na mínima desde 26 de abril.
“Por enquanto estamos falando de EUA e China, não da Europa diretamente, mas certamente no geral é uma fuga do risco porque o comércio global integra tudo”, disse Britta Weidenbach, chefe de ações europeias da DWS.
As ações de automóveis registravam o maior peso, com a Daimler, a Volkswagen e a BMW caindo. O setor de automóveis do STOXX atingiu o menor nível em sete meses, com os operadores precificando tarifas mais altas.
“O setor automotivo é um dos principais setores que poderiam ser impactados pelas tarifas de importação”, disse Weidenbach, acrescentando que o impacto sobre diferentes montadoras alemãs pode depender do quanto de sua produção é baseada nos EUA.
Em Londres, o índice Financial Times recuava 0,62%, a 7.583 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX caía 1,61%, a 12.626 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 perdia 1,28%, a 5.380 pontos. Em Milão, o índice Ftse/Mib tinha desvalorização de 0,63%, a 21.959 pontos. Em Madri, o índice Ibex-35 registrava baixa de 0,93%, a 9.678 pontos. Em Lisboa, o índice PSI20 desvalorizava-se 0,28%, a 5.554 pontos.
Entenda as sobretaxas

Na sexta-feira (15), o governo dos Estados Unidos anunciou a implementação de uma tarifa de 25% sobre US$ 50 bilhões em bens importados da China e prometeu impor mais taxas se a China adotasse medidas retaliatórias. Parte dos produtos já começam a ser sobretaxados a partir de 6 de julho. A lista final de produtos sobretaxados é formada por 1.102 itens, como painéis de LED e LCD e aeronaves.

Para 818 desses produtos, a tarifa adicional de 25% começa a ser cobrada já em 6 de julho. O valor referente a essa parte da lista corresponde a US$ 34 bilhões. Em março, os EUA haviam ameaçado sobretaxar 1.332 itens.
Já a China vai impor uma tarifa adicional de 25% sobre 659 produtos dos Estados Unidos avaliados em US$ 50 bilhões. Tarifas sobre US$ 34 bilhões em bens dos EUA incluindo produtos agrícolas, aquáticos e automóveis também entrarão em vigor logo em 6 de julho.
A lista de 659 produtos dos EUA foi mais longa do que uma lista preliminar de 106 produtos publicada pelo Ministério do Comércio em abril, embora o valor dos produtos afetados tenha permanecido inalterado em US$ 50 bilhões.
A data efetiva das tarifas sobre os US$ 16 bilhões remanescentes de mercadorias dos EUA será anunciada mais tarde, de acordo com o Ministério do Comércio. Entre os US$ 16 bilhões em produtos dos EUA, estão petróleo bruto, gás natural, carvão e alguns refinados de petróleo.

G1

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