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VERA PAIVA: FALAS DO GENERAL MOURÃO REMETEM AO NAZISMO

Mourão e Vera Paiva

Doutora e professora titular da Universidade de São Paulo (USP), Vera Paiva tem uma história intimamente ligada com a defesa dos direitos humanos, tornando-se engajada e especialista no assunto.

Filha do deputado Rubens Paiva, preso, torturado e assassinado pela ditadura militar, Vera defende que as novas gerações conheçam o passado do Brasil para compreender de fato o que significam direitos humanos.

Ela rechaça também os comentários do vice de Jair Bolsonaro (PSL), general Hamilton Mourão, classificando-os como “nazistas”.

Expondo um regate histórico, Vera Paiva diz que, após as atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial, chegou-se à conclusão de que a cultura da paz passa pelo respeito à diferença.

“Tal gesto resultou na Carta de Direitos Humanos de 1948, assinada por diversos países”, relembra.

Vera Paiva elucida que direitos humanos são uma série de pilares fundamentais que evitam a formação de novos conflitos e também garantem a liberdade e autonomia dos seres humanos.

Fazendo um gancho com o Brasil, ela afirma que a ditadura militar não foi devidamente rechaçada no País, “gerando uma incompreensão do significado dos direitos humanos”.

Nesta semana, seu irmão, o jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva, rebateu o comentário do general Hamilton Mourão, de que lares formados somente por mães e avós e seus filhos e netos são “fábricas de desajustados”.

“Mourão afirma nas entrelinhas que mulher não sabe criar filhos. Fui criado pela minha mãe e irmãs, porque a ditadura matou meu pai aos 11 anos, e meu avô morreu de tristeza dois anos depois”, declarou Marcelo Rubens Paiva.

A fala ganhou bastante repercussão nas redes sociais.

A professora reafirma o comentário do irmão, dizendo que o general Mourão baseia-se em princípios nazistas. “Ele não consegue aceitar algo que fuja do seu parâmetro do que é ideal e, através da violência, impõe um padrão”, expõe.

Direito à memória

Vera Paiva fez parte da Comissão Nacional da Verdade, que investigou as graves violações de direitos humanos cometidas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988 e defende que o Brasil precisa revisitar seu passado.

“Na Alemanha, existem museus da memória que revisitam o passado do Holocausto. Chile, Argentina e tantos outros países também. Defendo que o Brasil também tenha diversos museus, temos que educar nossas crianças para revisitar sua história e entender o que aconteceu no País, assim as novas gerações terão maior compreensão da importância dos direitos humanos”, defende.

A respeito de inverdades reproduzidas pela extrema-direita no Brasil, afirmando que direitos humanos atendem a bandidos, a professora explica que, o que é considerado bandidagem para esse grupo, é tudo o que eles não acreditam.

“Eu não tenho vontade de matar os assassinos do meu pai, é isso que a concepção dos direitos humanos faz com a gente”, conclui Vera Paiva.

TV 247

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