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DILMA ROUSSEFF REDUZ RESISTÊNCIA A HENRIQUE MEIRELES NA FAZENDA

Na formação da nova equipe de governo da presidente Dilma Rousseff, saem os quadros técnicos, entram os políticos para formar um “ministério estrelado”. De volta do descanso na Bahia, a presidente deflagra agora as conversas com aliados, mas os novos nomes não serão conhecidos antes de seu retorno da Cúpula do G-20, nos dias 15 e 16, na Austrália – o palco para a despedida honrosa do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Para o seu lugar, refluem as resistências de Dilma a Henrique Meirelles, o preferido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

“Se ela estiver disposta a ouvir mais o Lula, Meirelles pode ir para a Fazenda sim”, disse ao Valor um auxiliar próximo da presidente. Ele ressalva que, há algumas semanas, Dilma ainda resistia ao nome do ex-presidente do Banco Central. Mas afirma que nos últimos dias, viu reduzir o bloqueio de Dilma ao ex-presidente do Banco Central. O Valor mostrou que Lula fez três indicações para o Ministério da Fazenda: Luiz Carlos Trabuco, Nelson Barbosa e Meirelles. Trabuco foi sondado mas desestimulou a formalização do convite. Barbosa transformou-se então em favorito, já que são conhecidas as dificuldades da presidente de relacionar-se com Meirelles. Há pelo menos um ano e meio, Lula insistia que Dilma substituísse Mantega por Meirelles, registra a fonte. Na última sexta a indicação de Meirelles já não vinha acompanhada das restrições de sempre.

 

O novo ministério começa a ser concebido nos próximos dias, mas será anunciado a conta-gotas, a partir do retorno de Dilma e Mantega da cúpula em Brisbane, na segunda quinzena de novembro. Foi assim com a primeira equipe da petista, quando ela venceu a eleição de 2010. O auxiliar de Dilma ressalta que o novo ministro da Fazenda será um dos primeiros a serem anunciados, pela urgência de uma guinada econômica.

 

Os anúncios da nova equipe serão fracionados porque a presidente quer comandar a formação do governo com tempo e cautela, já que terá de afastar amigos queridos de seus cargos para dar lugar a nomes de peso político. Ela quer um “time estrelado”, nas palavras de um de seus assessores mais próximos, com menos técnicos e mais políticos. O chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, será o articulador central do novo ministério, sob a batuta de Dilma.

 

Quadros técnicos como os ministros das Cidades, Gilberto Occhi, e do Turismo, Vinícius Lages, abrem alas para políticos de estatura. Mesmo Paulo Sérgio Passos, duas vezes ministro dos Transportes, cujo desempenho tem o aval da presidente, deixa o cargo. Amigas de Dilma, as ministras Ideli Salvatti (Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Secretaria das Mulheres) podem sair, de igual forma, se surgirem políticos afinados com suas pastas.

 

Alguns nomes estão certos para a nova equipe, embora não esteja definido onde serão acomodados. Do PT, estão confirmados o tesoureiro e integrante da coordenação da campanha, Edinho Silva, e o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini – ambos ligados ao presidente do PT, Rui Falcão. Berzoini pode assumir o Ministério do Trabalho, cargo que ocupou no governo Lula, ou a pasta das Comunicações.

 

Na cota do PMDB, o ex-ministro dos Transportes Eliseu Padilha é um nome que o vice-presidente Michel Temer gostaria de emplacar. Mas Padilha enfrenta a resistência do PT do Rio Grande do Sul, onde são opositores históricos. Contudo, auxiliares de Dilma ressaltam que Padilha se empenhou na campanha da reeleição, ao lado de Michel Temer, que está prestigiado junto à presidente.

 

O presidente do PSD e ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab será ministro. Na fatia do PR, o mais cotado é o senador Antônio Carlos Rodrigues. Suplente de Marta Suplicy, ele será desalojado do Senado, já que a ministra da Cultura deixa a pasta para reassumir o mandato, após o desgaste pessoal com Dilma. Rodrigues tem bom trânsito com o Palácio, principalmente, com o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Na cota do PP, a bancada federal quer o presidente da sigla, senador Ciro Nogueira (PI), no comando de um ministério. Mas Dilma tem especial apreço pelo deputado reeleito Aguinaldo Ribeiro (PB), que foi ministro das Cidades. Assim, Nogueira pode se tornar ministro, ou bancar o retorno de Ribeiro.

 

Na ala dos que permanecem estão José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, e Arthur Chioro, titular da Saúde. Auxiliares de Dilma afirmam que Chioro tem desempenho superior ao do ex-ministro Alexandre Padilha na pasta. Ele terá a missão de executar o programa Mais Especialidades, promessa de campanha da petista.

 

Na última semana, Dilma e o ministro Aloizio Mercadante reuniram-se com PMDB, PR e PP, mas a pauta foi a composição de forças no Congresso. O foco de preocupação foi a rebelião da base aliada, e a projeção do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para se eleger presidente da Câmara, o pior pesadelo do Planalto.

Fonte: Andrea Jubé

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