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Vítima de assalto aparece como autor de crime em aplicativo

Um estudante universitário que teve a moto, o celular e os documentos roubados no início da semana, em Salvador, descobriu que a foto dele circula em um aplicativo de troca de mensagens como suspeito de ter cometido um assalto. Michel de Abreu, de 24 anos, acredita que a situação tenha acontecido após os bandidos deixarem a carteira dele cair, durante outro roubo. O crime aconteceu na segunda-feira (23) e, nesta sexta-feira (27), ele faz a denúncia.

Ele é estudante do curso de Engenharia Civil e conta que foi abordado por dois homens, que também estavam em uma motocicleta, quando passava pela Avenida San Martin. Na mesma noite, ele registrou boletim de ocorrência na delegacia. No entanto, relata que, no dia seguinte ao roubo, foi surpreendido ao ser avisado por parentes que a carteira de motorista dele estava sendo compartilhada com uma mensagem da suposta vítima.

No texto, Michel aparece como autor do roubo de uma moto no bairro de Pau da Lima. “Gente! Repassem por favor. Assaltante de moto em Pau da Lima. Roubou a moto, na fuga deixou a própria carteira cair. Ocorreu agora, 13h20. Foto do bandido acima”, diz a mensagem.

“Da forma que eles me pediram a moto, entreguei. Não reagi, não tentei fugir, não me desesperei e entreguei tudo. Estava tranquilo. Eu não me apavorei em nenhum momento”, lembra o jovem. “Eles pegaram meu documento, fizeram outro assalto, dispensaram meu documento e eu acabei sendo acusado. Na verdade, sou vítima duas vezes. Muitos policiais têm a minha imagem e nem todos estão avisados de que eu sou a vítima. Eles me têm como bandido”, afirma.

 

O estudante diz estar assustado e só tem saído de casa pra faculdade acompanhado do pai e com o boletim de ocorrência em mãos. O pai, Deraldo de Abreu, conseguiu identificar pelo menos três pessoas que encaminharam a mensagem para grupos em redes sociais.

 

“Eles receberam e repassaram. Fizeram pedido de desculpas. Mas o pedido de desculpas não limpa a imagem do meu filho”, critica.
O delegado Charles Leão, que coordena o Grupo Especializado de Repressão aos Crimes por Meio Eletrônicos, alerta que tanto quem criou e circulou a mensagem como todos que compartilharam podem ser punidos por crime de calúnia. A pena é de seis meses a dois anos de detenção.

Leão afirma que o responsável pelo aplicativo tem como retirar a mensagem de circulação. “Ele [vítima] deve procurar uma delegacia de polícia, fazer o B.O, o delegado representa, o juiz certamente deferirá essa medida.

Com certeza, esse aplicativo vai ter que se submeter às leis brasileiras”, explica. “Se ele não obedecer uma ordem judicial, o aplicativo pode ser retirado do território nacional”, acrescenta o delegado. “Foi uma lição que eu tirei para mim também, que, antes de compartilhar alguma informação, tenho que ter realmente certeza do que se passa porque minha imagem está suja por conta de uma besteira”, lamenta o jovem.

Fonte: Redação/G1 Bahia

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