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Globo mostra documentos que ligam genro de Pauko Costa a Empreiteiras

sigilo telefônico obtidas pelo GLOBO mostram que Márcio Lewkowicz, um dos genros do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, trocou dezenas de telefonemas com as empreiteiras Norberto Odebrecht e Andrade Gutierrez, duas gigantes do setor e fornecedoras da estatal. Ele é um dos parentes incluídos por Costa em seu acordo de delação premiada.

 

A quebra de sigilo de dois telefones fixos em nome do ex-diretor revela ainda que a Petrobras ligou 26 vezes para esses números mesmo depois da primeira prisão de Costa na Operação Lava-Jato, em 20 de março.

 

Lewkowicz é casado com Arianna, filha mais nova de Costa. Está no nome dele e no do outro genro, Humberto Sampaio de Mesquita, uma das contas do exterior que terá os recursos repatriados. São aproximadamente US$ 2,8 milhões em uma conta no Royal Bank of Canada, nas Ilhas Cayman.

 

COM A ODEBRECHT, 85 LIGAÇÃO

 

Os documentos obtidos pelo GLOBO mostram que houve 85 telefonemas de dois telefones fixos de propriedade de Lewkowicz para números pertencentes à construtora Norberto Odebrecht ou vice-versa. As ligações foram realizadas entre 2009 e 2014. Dentro do processo de delação premiada, Costa afirmou que recebeu US$ 23 milhões da Odebrecht em contas no exterior.

 

A partir do número da sede da construtora no Rio foram direcionadas 43 chamadas para Lewkowicz. As ligações têm duração variada, chegando a até 14 minutos, como ocorreu em uma conversa de outubro de 2012. Outras duas, realizadas nos dias 22 e 29 de novembro de 2013, têm como origem um telefone da empresa em Itaguaí (RJ), com duração de pouco mais de dois minutos cada uma.

 

De aparelhos registrados em nome de Lewkowicz, por sua vez, partiram 39 telefonemas para números da sede da empresa, sendo 15 para o número geral da Odebrecht e o restante para ramais. O outro telefonema foi para a sede Odebrecht em Macaé (RJ), com duração de 2 minutos. Há ainda registro de uma ligação para o próprio Costa com origem em um aparelho da Odebrecht em Ipojuca (PE), onde um consórcio liderado pela empreiteira participa das obras da refinaria Abreu e Lima. Este telefonema levou apenas 27 segundos.

 

COM A ANDRADE, 46 TELEFONEMAS

 

No caso da Andrade Gutierrez, são 31 ligações da sede da empresa, no Rio, para o genro de Costa no período de julho de 2011 a agosto de 2012. Quatro chamadas superam dez minutos de duração. Lewkowicz, por sua vez, fez 13 chamadas para números registrados na sede da empresa. Há ainda uma chamada feita e outra recebida em agosto de 2012 de um telefone celular corporativo da empresa registrado no Rio.

 

O GLOBO falou com o servidor que utilizava o número ontem. Ele disse não conhecer nem Costa nem o genro dele. Há ainda o registro de quatro ligações de um número da empresa para Costa entre setembro de 2009 e fevereiro de 2010, sendo que Costa tinha ligado para outro aparelho em agosto de 2010.

 

ODEBRECHT NEGA RELAÇÃO COM GENRO

 

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As empreiteiras divulgaram duas notas sobre esses telefonemas. A nota da Odebrecht diz: “A Odebrecht informa que alguns de seus executivos mantinham contato estritamente profissional com Paulo Roberto Costa, então diretor de Abastecimento da estatal e que também atuou por dois anos como vice-presidente do Conselho de Administração da Braskem, nomeado pela Petrobras. A estatal, sócia da Braskem, tem direito de nomear quatro dos onze conselheiros da petroquímica. Assim, os contatos pessoais e telefônicos existiam unicamente para atender às exigências das relações profissionais entre as empresas. A Odebrecht ressalta que nunca teve qualquer relação com o senhor Márcio Lewkowicz, portanto não vê razões para que tivessem ocorrido ligações telefônicas para números registrados no seu nome”.

 

A nota oficial da Andrade Gutierrez diz: “A Andrade Gutierrez afirma que não mantém e nunca manteve qualquer tipo de relacionamento com as empresas citadas e repudia qualquer tentativa de envolver seu nome em episódios ligados às mesmas. A Andrade Gutierrez reitera que tomará as medidas cabíveis contra qualquer ato leviano de tentar envolver seu nome nos recentes episódios citados pela reportagem. Em relação aos números de telefones informados, por não termos tido acesso ao teor dos questionamentos e aos documentos citados pelo repórter, não há o que comentar sobre o assunto”, diz a nota.

 

Sobre o pagamento de recursos a Costa, a Odebrecht “nega veementemente a notícia baseada em suposto vazamento ilegal de informação falsa” e “considera leviana e falaciosa a publicação de informações especulativas e desprovidas de qualquer fundamento fático”.       

Fonte: EDUARDO BRESCIANI E VINICIUS SASSINE

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