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Greve geral na Argentina paralisa o país.

A Argentina vive nesta quinta-feira (10) uma greve geral promovida por sindicatos de trabalhadores que paralisa o transporte público, provoca cancelamento de voos domésticos e internacionais, suspende serviços de coleta de lixo e de abastecimento, e deixa muita gente a pé. A Avenida Nove de Julho, uma das mais movimentadas do Centro de Buenos Aires, amanheceu vazia. Não funcionaram ônibus, metrô nem trens – a estação de trem Retiro ficou deserta. Empresas foram fechadas e muitos trabalhadores não saíram de casa.

 

“Mais de 1 milhão de trabalhadores cruzaram os braços”, contabilizou Juan Carlos Schmid, secretário-geral de um sindicato de trabalhadores do setor de dragagem. Segundo ele, a paralisação “é muito forte”. Já o chefe de gabinete do governo argentino, Jorge Capitanich, considerou o movimento “um grande piquetaço”, liderado por sindicalistas que fazem parte da oposição à presidente Cristina Kirchner.

 

Os grevistas dizem que o governo argentino subestima o movimento e ignora a realidade, na qual 35% dos trabalhadores do país não estão oficialmente registrados. Os sindicatos querem negociações salariais sem teto máximo, aumento para os aposentados, revogação do imposto aplicado aos salários e distribuição de fundos que o Estado deve aos prestadores de saúde dos sindicatos.

 

Pela manhã, piquetes feitos em vias de Buenos Aires terminaram em confronto entre manifestantes de esquerda e policiais que tentavam dispersá-los. Desde a madrugada, grupos mais radicais de esquerda formavam piquetes nas principais rotas de acesso à capital argentina.

 

Segundo o jornal “Clarín”, a rota Panamericana, que dá acesso a Buenos Aires, amanheceu bloqueada. Policiais foram para o local e houve confronto. Os policiais dispararam balas de borracha, enquanto alguns manifestantes responderam jogando pedras.

Confronto

Pelo menos uma pessoa foi detida na confusão. Segundo o jornal “La Nación”, pelo menos duas pessoas (um manifestante e um policial) ficaram feridas e foram socorridas. Após o momento de tensão, a situação se acalmou na região.

 

A greve geral desta quinta-feira começou com a interrupção das atividades nos postos de combustível e no transporte público, setor-chave para que a ação sindical tenha êxito em um país com 40 milhões de habitantes.

 

Em entrevista coletiva, o chefe de gabinete do governo argentino, Jorge Capitanich, afirmou que os organizadores da paralisação “pretendem sitiar os grandes centros urbanos com um grande piquete nacional”, em referência aos 40 cortes e bloqueios de vias estabelecidos em todo o país.

 

“Essa é uma antiga metodologia medieval. Na Idade Média, os senhores feudais impediam o acesso à população. Não há lugar para a barbárie nem para medidas que conspirem contra o livre direito de greve dos trabalhadores”, disse Capitanich à agência espanhola EFE.

 

“O direito à greve está consagrado na Constituição e seu uso me parece completamente legítimo”, argumentou o chefe de gabinete, acrescentando, no entanto, que “o que não se pode fazer é impedir o livre exercício desse direito”. “Há trabalhadores que não estão de acordo e não podem ir para seus lugares de trabalho”, criticou Capitanich.

 

 

Fonte: G1/Harlene Teixeira/ Foto: Web.

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