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Campanhas políticas continuam dependentes do financiamento de empresas

No ano que deverá ser o último em que as doações de empresas serão permitidas, as coordenações financeiras das principais candidaturas ao Planalto admitem que a arrecadação alternativa continuará tendo aspecto simbólico no financiamento das campanhas.

Tesoureiro da campanha do candidato do PSDB, Aécio Neves , o ex-ministro da Justiça José Gregori disse que não está prevista a instalação de nenhum tipo de estrutura para incentivar a doação de pessoas físicas.

Disse que vão ver o que é possível fazer na internet, mas honestamente vai ser difícil. O resultado é pequeno, quase simbólico, em face dos valores gastos em uma campanha.

A expectativa é que o Supremo Tribunal Federal (STF) confirme a proibição de doações de pessoas jurídicas nas eleições – 0 que valeria somente para o próximo pleito.

Em abril, a maioria do STF (6 a 1) votou por proibir doações de empresas a campanhas e a partidos. O julgamento foi suspenso porque o ministro Gilmar Mendes pediu vista do processo. Faltam os votos de quatro ministros.

Nos próximos dias, a campanha do candidato do PSB, Eduardo Campos – que tem a ex-ministra Marina Silva como vice -, espera que a plataforma para receber doações online comece a funcionar.

Com apenas dois cliques, o internauta poderá realizar uma contribuição financeira para a dupla, via cartão de crédito. Não há, porém, expectativa de que esse tipo de arrecadação seja significativa, já que no Brasil o eleitor não tem a cultura de fazer doações diretas a candidatos.

Nas eleições de 2010 quando Marina foi candidata a presidente pelo PV, ela levantou apenas R$ 170 mil com a ajuda da ferramenta. O montante representou 0,7% do total arrecadado, que foi de R$ 24,1 milhões.

O PT, que tem como tesoureiro o ex-presidente do diretório paulista da sigla, Edinho Silva, prepara uma grande campanha de comunicação para incentivar doações de pessoas físicas para a campanha da presidente Dilma Rousseff.

A campanha será casada com a proposta de reforma política do partido. O PT é a favor do financiamento público exclusivo para campanhas eleitorais, mas é flexível quanto às doações de pessoas físicas.

O comitê financeiro terá um site próprio. Nos próximos dias o partido terá uma ferramenta para receber doações. Enquanto isso o partido continua usando os métodos tradicionais de arrecadação entre empresários.

Na campanha tucana, o principal responsável pela arrecadação propriamente dita será Sérgio de Freitas, ex-diretor do Itaú. Segundo Gregori, o executivo vai atuar em conjunto com amigos de Aécio em Minas Gerais.

“Será mais difícil arrecadar em 2014 do foi que em 2010. A situação econômica não é eufórica. Os empresários se queixam da conjuntura”, afirma o ex-ministro da Justiça. “Meu ideal, e ainda vamos chegar nisso, é que a campanha seja financiada exclusivamente por correligionários. Hoje, infelizmente isso não é possível e dependemos dos doadores.”

Apesar de ser crítico do atual modelo, Gregori defende sua legitimidade. “Os doadores distribuem seus recursos entre os candidatos competitivos sem que isso gere uma relação de dependência. Já vi doador ajudar o candidato Y mas depois ir à falência ou pedir concordata.”

Aliados do candidato do PSB admitem que os resultados das últimas pesquisas de intenção de voto – que mostram Campos em terceiro lugar na disputa – têm desestimulado doações. Segundo um parlamentar da sigla, empresários que prometeram uma determinada quantia há alguns meses já começaram a rever esses valores diante do desempenho do ex-governador de Pernambuco.

No levantamento do Ibope divulgado na semana passada, Campos tinha 8% das intenções de voto, atrás de Dilma e Aécio. Entre os três, é o que prevê fazer a campanha mais modesta.

Seu teto de gasto é de R$ 150 milhões – ante R$ 298 milhões da petista e R$ 290 do tucano.     

Fonte: Agência Nacional

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