O PT lançou nesta quarta-feira a candidatura do deputado Arlindo Chinaglia a presidente da Câmara.
O PT tem direito ao cargo por ter a maior bancada e também segundo o acordo de revezamento com o PMDB e Chinaglia tem todos os predicados. Já foi líder do partido e do Governo, já presidiu a Casa. Mas é para valer?
Ele diz que sim, reconhecendo que largou tarde, o PT diz que sim, mas a opinião corrente na Casa é a de que na hora H, o PT vai negociar com Eduardo Cunha, do PMDB, assegurando para si – possivelmente tendo como indicado o próprio Chinaglia – a primeira vice-presidência.
Ficaria também assegurada a continuidade do revezamento entre os dois partidos, com o PT voltando ao cargo daqui a dois anos.
As razões para uma composição são bastante práticas. Primeiro, o favoritismo de Cunha no eleitorado da Casa, especialmente nos pequenos partidos e no baixo clero.
O governo e o PT estão naquela situação: mais vale um bom acordo do que uma disputa, da qual muito provavelmente sairiam derrotado.
E como o mar não estará para peixe na próxima legislatura, com a oposição em pé de guerra e mais de 60 parlamentares denunciados pela Operação Lava Jato, a prudência recomenda unidade na coalizão e pulso firme no comando da Casa.
Mas esta composição não é para agora. É para o início do ano que vem se houver disposição para um termo de compromisso, dos dois lados.
O PT retiraria sua candidatura e orientaria o voto em Cunha, desde que este, preservada sua bandeira de garantir a soberania da Câmara, também se comprometa com questões fundamentais para o Governo.
A estabilidade, a observância das prioridades e dos temas da agenda legislativa relacionados com a governabilidade, por exemplo. A reforma política entraria neste pacote.
Do lado do PT, uma turma do bom senso trabalha pela composição. Do lado do PMDB, o vice-presidente Michel Temer também se move para que venha o acordo.
Fonte: Tereza Cruvinel
