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LULA SUGERE MEIRELLES NA FAZENDA E NELSON BARBOSA NO PLANEJAMENTO

O ex-presidente Lula sugeriu à presidente Dilma Rousseff colocar o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles no Ministério Fazenda e o ex-secretário-executivo dessa pasta Nelson Barbosa no Planejamento.

Essa seria, na visão de Lula, a dupla mais importante na equipe econômica. O Banco Central ficaria sob o comando de Alexandre Tombini, com algumas trocas de diretores.

A presidente disse ontem que só vai anunciar o nome do novo ministro após a reunião do G-20, na segunda quinzena de novembro. Ela está pesando os prós e contras.

Para a Fazenda, as opções afunilaram. Os principais nomes, hoje, são Henrique Meirelles e Nelson Barbosa. O ex-presidente Lula gosta dos dois. Dilma gosta menos de Meirelles.

Mas, diante da gravidade de algumas respostas que precisam ser dadas na economia, ela passou a ter menos resistências a ele. Pode ainda haver uma surpresa com o surgimento de um nome novo? É possível, mas não é provável.

A escolha não é fácil, porque o novo ministro da Fazenda vai dar a cara do segundo mandato. Com Meirelles, Dilma teria menos influência sobre a política econômica do que com Nelson Barbosa.

É preciso levar em conta que a presidente Dilma fez um primeiro mandato em que ela foi a ministra da Fazenda, a presidente do Banco Central, a comandante das Minas e Energia.

Indicar Meirelles significa deixar de ser ministra da Fazenda, pelo menos. Ele passaria a ser o fiador da política econômica. Seria um ministro praticamente indemissível.

Com Nelson Barbosa, Dilma manteria alguma influência sobre a política econômica, apesar de ele ter deixado o governo por discordar de decisões que tiveram aval da presidente.

Haverá mudança com qualquer um dos dois, mas existiriam diferenças. Do ponto de vista das expectativas, a escolha de Meirelles seria um sinal muito positivo para os agentes econômicos.

Um plano fiscal que estabelecesse, por exemplo, um superávit primário de 1% em 2015, de 1,5% em 2016 e de 2% em 2017 e 2018 teria muito mais chance de ser aceito se fosse apresentado por Meirelles.

O ministro Mercadante disse ontem que o corte de gastos em 2015 não pode ser duro demais, para não gerar recessão e manter a renda e o emprego das pessoas.

É o ajuste econômico gradual que Dilma deseja. A escolha de Meirelles poderia sustentar uma política fiscal na qual o tamanho do superávit primário ficaria condicionado à taxa de crescimento. Cresceu menos, menor superávit. Cresceu mais, maior superávit.

Portanto, a escolha de Dilma vai definir o segundo mandato. Uma opção que ajude a resolver mais rapidamente os problemas na economia pode liberar força para a presidente gastar mais energia com os problemas políticos.

Há um sentimento de rebelião no PMDB da Câmara e do Senado. A oposição está com a faca nos dentes. Será difícil montar uma articulação política com um Congresso mais conservador.

Nesse contexto, cresce a importância da escolha de Meirelles ou de Barbosa.   

Fonte: DANIELA MARTINS

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