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Cantora de ópera aposta no Enem para cursar medicina

Eliza Borges Moreira volta a prestar vestibular em busca de sonho de cursar medicina — Foto: Arquivo pessoal

A cantora de ópera com passagem pelo Coral Lírico do Theatro Municipal de São Paulo, Eliza Borges Moreira, decidiu retomar um sonho antigo de cursar medicina e, aos 33 anos, se prepara para a prova do Enem que irá realizar neste domingo (3), em Campinas (SP).

Após optar pela música em vez da medicina na juventude, e conquistar uma carreira de sucesso no universo da ópera, com estadia e trabalhos até em Portugal, Eliza conta que decidiu voltar ao Brasil e ingressar em uma nova profissão durante a crise financeira, já que a área de artes “sofre” nesses períodos.

Ao retornar ao país, a cantora escolheu se especializar em tradução e interpretação simultânea. E logo quando pensou que o desejo de cursar medicina estava completamente fora de questão, abandonado no passado, a tradutora deu início a uma série de traduções de trabalhos de conclusão de curso (TCC) da área médica, e foi nesse momento que um antigo sonho despertou.

“Trabalhando com tradução, tive a oportunidade de fazer a tradução de alguns resumos de TCC da faculdade de medicina. Tive que começar a estudar basicamente medicina, e foi quando surgiu esse desejo e falei: ‘Já estou estudando bastante coisa, então, por que não fazer medicina?’”, conta.

Eliza trabalhou no Coral Lírico do Theatro Municipal de São Paulo por dois anos — Foto: Arquivo pessoal
Eliza trabalhou no Coral Lírico do Theatro Municipal de São Paulo por dois anos — Foto: Arquivo pessoal

Primeiro contato com a medicina

Aos 19 anos de idade, Eliza fazia parte do Coral Minaz, em Ribeirão Preto (SP), e se preparava para realizar as provas do vestibular, época em que dividia a paixão pela música com a área médica.

“Eu prestei vestibular de medicina quando era mais jovem. Eu passei na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, que na época, era pela Fuvest, e eu já trabalhava com música”, comenta.

Após o resultado positivo no vestibular, Eliza teve de escolher qual carreira iria seguir, já que a música e a medicina demandavam uma dedicação de tempo integral.

“E foi aos 19 anos que decidi que eu não queria fazer medicina se fosse para eu deixar a música. Acabei decidindo seguir a carreira em música. Se eu pudesse, tinha feito as duas coisas”, relata.

Regresso aos estudos

A adaptação às provas e aos métodos de ensino foram algumas das dificuldades que Eliza enfrentou ao retornar aos estudos após um longo período.

“O Enem mudou muito. Na minha época, ele não era nem um vestibular, você prestava e ele era uma bonificação que você recebia em algum vestibular. Então, a própria mudança das provas foi uma mudança grande”, diz.

Eliza fala que contou com o auxílio dos colegas de um curso preparatório voltado ao vestibular de medicina de Campinas para conhecer mais a fundo o Enem. E, apesar dos desafios que surgiram com os anos longe das provas, a cantora percebe que a maturidade que possui agora a auxilia no processo seletivo de um curso tão concorrido.

“A gente deixa de gastar energia com coisas que não têm tanta importância”, finaliza.

Bruna Ferreira

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