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MEC libera repasse anual e estuda modelo militar para escola em Suzano

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, criticou 'conteúdo ideológico' em questões do Enem Imagem: Reuters

O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, afirmou hoje que vai liberar o repasse anual do Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) para a escola Raul Brasil em Suzano, na região metropolitana de São Paulo. A escola foi alvo de um massacre no último dia 13, onde cinco alunos e duas funcionárias foram assassinados por dois ex-alunos. Além do repasse, Vélez disse estar estudando, junto ao prefeito da cidade, Rodrigo Ashiuchi (PR), implantar um “modelo cívico-militar” na escola.

“Como um alento à comunidade escolar de Suzano, Raul Brasil, informo que o MEC antecipou o repasse anual do PDDE. Segunda-feira, me encontrarei com o prefeito, Rodrigo Ashiuchi, para estudarmos a viabilidade do modelo cívico-militar na escola”, escreveu Vélez em seu Twitter.

Apesar da reunião com o poder municipal, a escola Raul Brasil está sob responsabilidade do governo do estado. Procurada pela reportagem, a Secretaria de Educação do governo disse não ter sido informada sobre as pretensões do ministério de implantar o modelo cívico-militar.

Questionado, o ministério da Educação não soube responder à reportagem o porquê da reunião ser com a prefeitura de Suzano. O encontro deveocorrer em Brasília e contar com a participação da deputada federal e policial militar Katia Sastre (PR), que estudou na escola Raul Brasil.

No final de fevereiro, o ministro já havia demonstrado seu apreço pelos modelos militares nas escolas. “Eu acho que tem muito a lucrar, sim, o Brasil, com a adoção desse modelo de escolas cívico-militares. Que não saem caras, porque o investimento é mínimo”, disse, em depoimento a Comissão de Educação do Senado.

No ano passado, conforme dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, a escola recebeu duas parcelas de R$ 11.460 por meio do PDDE.

Modelo cívico-militar

As escolas cívico-militares contam com uma gestão compartilhada entre sociedade civil e militares. Atualmente, são cerca de 120 escolas em 17 estados do país com o modelo, a maior parte em Goiás, com 50 estabelecimentos de ensino, de acordo com levantamento da Polícia Militar do Distrito Federal (DF).

A expansão das escolas militares é promessa antiga do presidente Jair Bolsonaro. Durante a campanha, o capitão reformado elogiou diversas vezes as escolas que adotam esse tipo de modelo.

Em um de seus primeiros atos, Bolsonaro editou decreto que organiza a estrutura do novo MEC (Ministério da Educação). O texto diz que um dos objetivos da pasta é promover e propor a adesão das escolas municipais e estaduais ao modelo “cívico-militar” de ensino.

Sem detalhes ou prazos, o decreto diz que o objetivo é promover uma adesão progressiva ao novo modelo de ensino de forma voluntária por parte dos estados e municípios. Ou seja, a adesão ao novo modelo não seria obrigatória.

No mesmo dia, Bolsonaro editou outro decreto onde estabeleceu a criação da Subsecretaria de Fomento às Escolas Cívico-Militares. Segundo o decreto, a subsecretaria deve “criar, gerenciar e coordenar programas nos campos didático-pedagógicos e de gestão educacional que considerem valores cívicos, de cidadania e capacitação profissional necessários aos jovens”.

Alex Tajra

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