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Em Londres, Bolt se prepara para ‘último ato’ de uma carreira vitoriosa

Bolt foi bicampeão olímpico dos 100m, 200m e 4x100m em Londres em 2012 (Foto: Getty Images)

Serão mais de 2000 atletas de 200 países competindo ao longo de 10 dias. Mas a impressão é que a festa no Estádio Olímpico de Londres se resume a um tributo àquele que personificou o sucesso do esporte na última década.

A partir desta sexta-feira, a 16ª edição do Mundial de Atletismo será o palco da despedida do homem mais rápido de todos os tempos. Sinônimo títulos e dono de um carisma ímpar, Usain Bolt correrá para fazer história pela última vez em busca de novos recordes: o inédito tetracampeonato nos 100m e o penta no 4x100m.

Bolt chega a Londres tendo conquistado tudo o que era possível nas provas de velocidade. No ano passado faturou mais uma trinca olímpica na Rio 2016, tornando-se o primeiro atleta homem ou mulher a ter três ouros nos 100m. E nem a perda de um dos títulos do 4x100m devido ao doping do companheiro Nesta Carter abalou seu legado ou a decisão de parar. Aos 30 anos, ele quer dizer adeus enquanto ainda domina.

– Eu não sabia que seria recordista dos 100m, não sabia que quebraria dois recordes num campeonato, que seria tricampeonato olímpico… Tudo é possível, você só precisa colocar na sua mente. Tudo o que queria era ser campeão olímpico dos 200m, e agora… (…) Estou sempre pronto, sempre fico empolgado quando chego para um campeonato. Não vejo a hora.

As eliminatórias dos 100m começam já nesta sexta-feira, e Bolt entrará na pista por volta de 16h20 (horário de Brasília). As semifinais e finais serão no sábado, tarefas facilitadas com o desfalque de última hora de Andre De Grasse (o canadense sofreu uma lesão na última segunda-feira e está fora), a quem o Raio alfinetou ao chegar a Londres. Depois ele só volta a competir no sábado, já defendendo o revezamento 4x100m da Jamaica.

Neste meio tempo, um sul-africano deve se firmar como novo astro das pistas. Recordista mundial e campeão olímpico dos 400m, Wayde Van Niekerk é o favorito não só para a distância como também para herdar o título de Bolt nos 200m – o jamaicano optou por não buscar o penta na prova para direcionar seus treinamentos e maximizar as chances de título.

– Acho que Wayde está fazendo um trabalho muito bom. Ele vai correr os 200m, isso para mim vai ser emocionante. Acho que ele é uma das pessoas para prestar atenção, e um cara muito legal. Tem uma personalidade mais fechada, mas é um cara legal.

O sul-africano, no entanto, está longe de ser a única atração. O mundial contará ainda com “coadjuvantes” como os medalhistas olímpicos Elaine Thompson, Dafne Schippers, Caster Semenya, Genzebe Dibaba, Aries Merritt, Omar McLeod, Anita Wlodarczyk… A lista é enorme. E a primeira medalha em disputa tem favoritismo caseiro. Nos 10.000m, o bicampeão olímpico Mo Farah defende a única medalha em disputa nesta sexta-feira, na última prova do dia.

A competição contará com uma particularidade em relação a outras edições. Com a Rússia ainda suspensa internacionalmente pela IAAF, o país terá 19 atletas inscritos como neutros, sem defender bandeira. Em caso de título – algo muito provável no salto em altura feminino, com Maria Lasitskene -, não haverá execução de hino nacional no pódio.

Brasil vai desfalcado e aposta na marcha

A delegação brasileira para o Mundial foi convocada no último dia 25 de julho, mas desde então sofreu várias transformações. A principal delas foi o corte do campeão olímpico do salto com vara, Thiago Braz, poupado pela Confederação Brasileira (CBAt) por lesões e pela irregularidade recente de resultados. Outra baixa relevante foi a de Núbia Soares, que estava em quarto lugar no ranking mundial e vinha de vitória sobre a vice-campeã olímpica Yulimar Rojas no Campeonato Sul-Americano.

Com a distribuição de convites da Federação Internacional (IAAF), a equipe verde-amarela alcançou 36 nomes. E as principais chances de pódio se concentraram na marcha atlética, cujas disputas serão no último dia de evento, 13 de agosto. Erica Sena e Caio Bonfim, donos dos melhores resultados da história do país tanto em Mundiais quanto em Olimpíadas, são grandes apostas para a prova de 20km. E Nair Rosa compete nos 50km feminino, prova que estreia no programa do evento.

– Esse ano a gente chega muito mais confiante. Eu pude ganhar duas etapas do Circuito Mundial, ganhando mais experiência, conhecendo mais as adversárias. Acredito que a competição vá ser muito forte e quero trazer um bom resultado para o nosso país – espera Erica Sena.

O Brasil estará representado em apenas dois revezamentos: o 4x100m feminino e o 4x400m masculino, convocado em meio a uma polêmica em torno da interpretação de critério adotado pela CBAt. Nas provas de campo o país tem grandes chances de chegar a três finais: com Wagner “Montanha” Domingos, no lançamento de martelo, e com Darlan Romani e Geisa Arcanjo no arremesso de peso.

Helena Rebello

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