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Rumo à Copa e à Inglaterra: Fred dá a volta por cima

Rumo à Copa e à Inglaterra: Fred dá a volta por cima

Ele jogou apenas 12 minutos contra a Rússia, mas seu desempenho nos treinos da Seleção e as observações da comissão técnica na Ucrânia convenceram o técnico Tite de que Fred tem que estar na próxima Copa do Mundo. Após uma trajetória difícil nos últimos quatro anos, como ele mesmo definiu, o volante do Shakhtar Donetsk é nome certo na convocação do dia 14 de maio. E vive uma ansiedade dupla: ver seu nome entre os 23 escolhidos para representar o Brasil no Mundial e jogar no futebol inglês.
Após cinco anos na Ucrânia, a transferência para a Premier League é uma realidade. Mas falta definir o destino. Em março, o CEO (ou diretor-geral) do Shakhtar, disse que o jogador vai para o Manchester City, que ficou decepcionado de não conseguir contratá-lo em janeiro, ou para o rival Manchester United.

”É uma ansiedade a mais. Tenho a ambição de jogar em outros grandes clubes e está muito perto disso acontecer em algum clube da Inglaterra”.

– Venho trabalhando meu futebol, estou em excelente fase. Espero que as negociações possam ser antes da Copa para não prejudicar a cabeça. Se não for, tenho que continuar focado e espero que dê tudo certo.
O volante de 25 anos relevou já ter conversado com os brasileiros do Mancheter City sobre a possível transferência (”Falaram para eu ir jogar com eles”, disse), comentou o fato de ter vestido a camisa 10 da Seleção nos últimos amistosos, avaliou sua caminhada nos últimos quatro anos e de sua relação com o ex-volante Gilberto Silva, um dos membros de seu staff.

Conversei sim com o pessoal no vestiário da Seleção, falaram bem, que é para eu ir, para jogar do lado deles (risos). São grandes jogadores e o Guardiola é um excelente treinador. Foi campeão inglês outro dia. Tenho certeza que meu staff e minha família estão correndo atrás disso, buscando o melhor lugar para mim. O City é uma grande equipe, mas ainda tenho que esperar, não sei para onde vou. Tenho que me manter focado porque eles vão escolher o melhor lugar para mim, tenho certeza.

”Falei com o Jesus, com o Ederson… Já jogávamos juntos na Seleção Olímpica. Eles se mostraram felizes por essa negociação. Imagino sim, tenho essa ambição. O Campeonato Inglês para mim é o melhor do mundo, quero jogar esse campeonato, quero muito”.

Venho trabalhando bastante para isso e espero que esse desejo possa se realizar o mais rapidamente possível. Estarei muito feliz de jogar em uma grande equipe da Inglaterra.

Você esteve na última lista antes da convocação final. Como está a ansiedade para a lista da Copa?

A ansiedade é muito grande. Todos querem estar na lista da Copa, todos vêm fazendo um bom trabalho e esperando essa convocação. Comigo não é diferente. Estou focado nessa Copa e a ansiedade toma conta até o dia que sair a lista.

Você impressionou o Tite nos treinos da última convocação…

Fizemos um bom trabalho na Liga dos Campeões e cheguei bem confiante na última convocação. Sei que ali é muito difícil, que a concorrência é grande. Então tenho que me destacar nos treinos. Joguei pouco tempo, mas nos treinos eu fiz o meu melhor e para mim isso foi muito bom. Espero mesmo ter impressionado o Tite e toda a comissão técnica para que meu nome possa estar na lista também.

Como fica a cabeça de um jogador para entrar em campo às vésperas da convocação?

Normal, o que faz a gente ser observado pelo Tite são os jogos pelos clubes. Temos que manter a seriedade, continuar jogando bem. Não podemos parar, dar um passo atrás. É seguir focado para que o trabalho possa continuar sendo feito e o Tite possa continuar nos olhando.

O que você e Taison conversam sobre a chance de convocação?

Até que não falamos muito sobre isso no clube. Estamos mais focados nos jogos, reta final do campeonato nacional, temos ainda a final da Copa da Ucrânia para jogar. Estamos focados, mas sabemos que a ansiedade é grande, da capacidade que temos de poder estar na lista. Conversamos para continuar fazendo nosso trabalho bem feito.

Já tinha imaginado que um dia vestiria a camisa 10 da seleção principal (com a ausência de Neymar, ele ficou com o número nos amistosos contra Rússia e Alemanha)?
É difícil imaginar, né? Minha posição não é de usar a camisa 10, mas ter a chance de vestir da Seleção já é um orgulho. O número 10 então, que grandes jogadores e ídolos usaram… Está guardada, emoldurada e com certeza será pendurada na minha casa. Um motivo de orgulho. Fiquei muito feliz quando soube, mas guardei para o menino Ney (risos). Ele vai estar nas próximas convocações para assumir a camisa 10.

Ir para a Copa amenizaria a frustração de não ter sido liberado pelo Shakhtar para a Olimpíada?
Eu fiquei muito chateado por não ter ido, mas ao mesmo tempo torci muito pelos meus companheiros. Fiquei muito feliz pela medalha de ouro. Acho que tudo tem um motivo. Se eu não pude estar na Olimpíada, continuei fazendo o meu trabalho da melhor forma possível e hoje tenho a possibilidade de estar na Copa. Não podemos nunca desanimar, baixar a cabeça. Pode amenizar um pouco sim, tirar essa tristeza. Jogar uma Copa seria uma felicidade imensa. O que ficou para trás, como a Olimpíada, a gente tenta esquecer.

Como você avalia sua caminhada nesse ciclo da Copa de 2018? Copa América 2015 com Dunga, doping e suspensão, frustração por não ir para a Olimpíada, nova chance com Tite…

”Foi um caminho muito difícil por tudo o que passei, mas nunca desisti, nunca abaixei a cabeça. Sempre me mantive focado, trabalhando. Todo o tempo que eu fiquei suspenso eu segui trabalhando, sabia que existia essa chance. Acho que amadureci muito”.

Não foi uma coisa boa, msa é uma porrada que a gente toma e cresce com isso. Segui trabalhando e hoje tenho uma grande chance de estar na Copa. O segredo foi nunca abaixar a cabeça, sem olhar para trás.

O quão mais difícil é chegar na Copa atuando na Ucrânia?
É muito difícil. A maioria dos jogadores está em grandes campeonatos como Inglaterra e Espanha. Aqui é um pouco menos visto. Mas na Liga dos Campeões sabemos que está todo mundo vendo e pude fazer um grande trabalho, grandes jogos. Para mim foi muito importante, é um campeonato gigante, um dos maiores do mundo. Sabia que minha chance era ali, a comissão do Tite estava olhando e isso foi muito importante para as convocações. Na Seleção também pude fazer meu trabalho da melhor forma possível. Foi onde eles gostaram e agora tenho essa chance de estar na Copa.

O Gilberto Silva, ex-volante, é um dos membros do seu staff extracampo. Quais os conselhos que ele, que foi a três Copas, te dá nesse momento?
A gente procurou trabalhar com o Gilberto por ser ele, foi um grande jogador, tem muita abertura no futebol mundial. E também por ser um cara muito do bem, humilde, gente boa, estamos sempre juntos, conversando. Ele me dá muitas dicas de como ele foi para a Copa, de posicionamento. Procuro filtrar muitas coisas com ele, estar sempre próximo, conversando, escutando, é um cara do bem, foi querido em todos os lugares que atuou.

 

Edgard Maciel de Sá

 

 

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