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Usain Bolt, a despedida do “showman”

Usain Bolt

Atleta espetacular nas pistas e de personalidade arrojada: a lenda de Usain Bolt não se construiu unicamente através de títulos e recordes, mas também com a alma de “showman” do jamaicano, extremamente carismático para torcedores e anunciantes.

O oito vezes campeão olímpico se prepara para a despedida das competições, no Mundial de Atletismo de Londres (4-13 de agosto). Vai ser o último encontro entre o homem mais rápido do mundo e os torcedores.

Sempre sorridente, o velocista de 30 anos implementou uma atitude extrovertida ao atletismo, com suas vitórias e danças de comemoração.

Existem gestos seus que entraram para a história, como os dois braços apontando para o céu na diagonal, assinatura pessoal pelo apelido de “Raio”. Até Barack Obama, ex-presidente dos Estados Unidos, fez a pose em visita à Jamaica, em 2015.

No esporte, ninguém desfrutou mais da fama e do reconhecimento do que Bolt, que assumiu protagonismo no atletismo, órfão de superestrelas desde os tempos do americano Carl Lewis. É provável que depois da aposentadoria do Raio, o trono de ídolos no esporte fique esvaziado por alguns anos, até surgir outro personagem para assumir a responsabilidade.

‘Carisma sem igual’

“É um gênio. Tem um carisma sem igual na história do nosso esporte. Do esporte, de maneira geral”, lamentou o presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Sebastian Coe, ciente do vazio que Bolt vai deixar.

“Só se pode compará-lo com Mohamed Ali. Coloco os dois na mesma categoria, não só pelas conquistas e recordes, mas pelo nível de notoriedade a nível mundial e pela personalidade”, acrescentou.

A velocidade foi quase uma brincadeira para o multi-recordista nos 100 metros livres (9.58 segundos) e nos 200 metros (19.19). O técnico e mentor, Glenn Mills, teve que brigar contra o gosto de Bolt pela festa e noite. O atleta atacava de DJ esporadicamente, mas não podia descuidar da preparação.

Bolt dinamitou vários códigos do atletismo. É difícil imaginar outro atleta se deixando levar e sambando no final da coletiva de imprensa, com bailarinas brasileiras nas Olimpíadas do Rio.

Anomalia

O difícil é não se seduzir pelo encanto de um fenômeno desta magnitude. As marcas entenderam isso rapidamente, prevendo a explosão do astro e dos negócios. Segundo a lista dos atletas mais bem pagos do mundo pela revista Forbes, Bolt ocupa a 23ª colocação, com 34,2 milhões de dólares por ano.

94% desse valor é procedente de patrocinadores, apesar do Raio bater todos os recordes com bônus de participação com 300 mil dólares por encontro, praticamente uma anomalia em um esporte que costuma ter orçamentos limitados.

Grande fã de futebol, Bolt inclusive ganhou um avatar para o videogame PES 2018.

“Seu peso econômico está ligado a dois fatores: o lado esportivo e sua condição de ‘showman”, em um esporte que sentia falta de estrelas. Conseguiu jogar com os códigos da sociedade atual, da imagem e da comunicação, e apostou nisso”, explicou à AFP Vincent Chaudel, economista do esporte, sobre o atleta que tem 4,75 milhões de seguidores no Twitter e 7,1 milhões no Instagram.

Sua imagem também esteve imune dos terremotos vividos pelo atletismo, por conta de casos de doping.

Segundo Chaudel, “faz parte dos atletas com gestos técnicos puros, como Roger Federer, que não são imaginados misturados com esse tipo de tema”, indicou sobre doping.

AFP

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