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Valdivia aprova Jorge Sampaoli no Palmeiras

Sampaoli ao lado de Valdivia na seleção do Chile — Foto: Getty Images

Um velho conhecido da torcida do Palmeiras aprova a possível contratação de Jorge Sampaoli. Campeão com o argentino na seleção do Chile, o meia Jorge Valdivia fez muitos elogios ao seu antigo treinador, em entrevista ao GloboEsporte.com.

Foi com ele que Valdivia entrou para a história do futebol chileno ao conquistar a Copa América de 2015, mesmo ano em que encerrou sua segunda passagem pelo Palmeiras. Foram dois períodos vestindo a camisa 10 alviverde: de 2006 a 2008 e de 2010 a 2015.

– Eu sempre falei que ele é um dos melhores com quem eu trabalhei. Nesta lista tem Luxemburgo, Bielsa e Pablo Guede, treinador que eu conheci no Colo-Colo. O Sampaoli é um cara que trabalha muito, detalhista, profissional. Sabe lidar com pressão, afrontar uma situação difícil, como convencer o jogador a jogar do jeito que ele quer. Além de ele trabalhar bem, é também uma pessoa que pode trocar uma ideia com o jogador. Ele está levando o Santos para Libertadores e agora está sendo cogitado por vocês, imprensa, para assumir o Palmeiras – disse o chileno.
Sampaoli ao lado de Valdivia na seleção do Chile — Foto: Getty Images
Sampaoli ao lado de Valdivia na seleção do Chile — Foto: Getty Images

– Ele se daria muito bem porque conhece bem o futebol brasileiro e os jogadores, mas não sei qual é o pensamento dele. Ele pode levar alegria ao torcedor. Conhece futebol, o país, o Palmeiras, os jogadores. É capacitado para bater no peito e sair jogando, porque foi treinador do Chile, da Argentina, treinou na Espanha. Pressão para ele não acho que seja uma questão que possa atrapalhar, caso o presidente do Palmeiras for adiante e contratar. Poderia encaixar muito bem na família palmeirense.

Na mesma entrevista, que você pode ouvir na íntegra na edição #26 do podcast GE Palmeiras, Valdivia revelou que o clube já cogitou contratar Sampaoli no passado.

– Certeza que o Sampaoli vai escolher a melhor opção. Eu tenho certeza que ele conhece bem o Palmeiras, porque quando eu estava no clube, se não me engano em 2012… Me lembro que o presidente era o Tirone, e ele quis o Sampaoli. Até passei o contato do Sampaoli, acho que chegaram a conversar, mas no final acabou não dando certo – afirmou.

Ao ser questionado se o estilo do treinador pode casar com as características do clube e do torcedor palmeirense, o meia mais uma vez o elogiou.

– Tem mais a ver com o que o presidente quer para o Palmeiras. O que as pessoas que estão no comando do clube querem. Se o presidente quer um treinador que dê resultado de qualquer jeito ele tem de olhar para outros nomes. Você citou o Felipão, mas o Felipão foi campeão logo no mesmo ano que chegou, jogando de uma maneira… Tudo bem que a torcida quer um time que jogue para frente, todo mundo quer. Eu também quero um treinador que me bote para jogar para frente e que possa ganhar de 7 a 1, mas tem de ter um equilíbrio – avaliou o meia.

– Uma das coisas que muitas vezes a seleção do Chile foi criticada ou questionada era justamente isso. Que ia sempre para frente e, muitas vezes, na hora de defender, tinha dois ou três homens, e ficava difícil. O Sampaoli fez uma mudança de sempre jogar para frente. Nunca deixou de jogar para frente e de gostar de ganhar de 5 a 0, mas passou a ter um resguardo na hora de defender e isso levou a seleção a poder ganhar jogos não de 7 a 1, mas de 1 a 0. No Brasil se você não tiver um equilíbrio você vai perder.

Pelo Colo-Colo, Valdivia enfrentou o Palmeiras na Libertadores de 2018 — Foto: Marcos Ribolli
Pelo Colo-Colo, Valdivia enfrentou o Palmeiras na Libertadores de 2018 — Foto: Marcos Ribolli

Além de Sampaoli, Valdivia falou sobre um possível retorno ao futebol brasileiro, em especial o Palmeiras, que já não tem mais como diretor de futebol Alexandre Mattos, com quem teve atritos. Mas ele fez questão de destacar:

– Tem de respeitar os jogadores que o Palmeiras tem neste momento e não gostaria que essa entrevista parecesse que eu estou me oferecendo para ir. Não gostaria que alguém fizesse isso enquanto eu estou no lugar que parece que está se oferecendo. Tem de respeitar quem está no clube.

Confira outros trechos da entrevista com Valdivia:

Possível retorno ao Palmeiras:

– Você sempre quer trabalhar com os melhores, com o treinador que passe experiência, confiança, que você entenda a mensagem dele. Ele (Sampaoli) é um desses treinadores. Eu citei o Vanderlei porque é um cara muito certo e claro na hora de posicionar os times, buscar o resultado. Mas não depende de mim e da minha vontade. Claro que pelo carinho que eu sinto pelo clube, pelos anos que eu passei no clube, conhecendo a cidade, o Sampaoli, o Palmeiras… Claro que você gostaria de trabalhar em ambientes bons. Já que você me perguntou da possibilidade de trabalhar de novo no Palmeiras, todo mundo gostaria. Não somente eu. Mesmo se não fosse o Sampaoli, é claro que eu gostaria de um dia voltar para o Palmeiras. Um dia não, né? Porque daqui dois anos, um ano e meio, já era para mim (risos).

Campanha da torcida do Palmeiras

– Quando confirmaram a saída do Mattos invadiram as redes sociais falando que agora poderia voltar. Mas na verdade não é assim também. Primeiro é um posicionamento do clube, depois tem de respeitar a opinião do treinador e logo conversar com o treinador. Embora tenha saído o diretor de futebol, o clube tem de querer. Não posso eu ficar falando que quero voltar porque não é assim.

Valdivia na comemoração da vitória do Palmeiras em Itaquera, em 2015 — Foto: William Volcov / Estadão Conteúdo
Valdivia na comemoração da vitória do Palmeiras em Itaquera, em 2015 — Foto: William Volcov / Estadão Conteúdo

Alexandre Mattos

– Quando ele estava ali, não me lembro muito bem o ano que foi, fiz um pedido para ir na Academia para treinar por três dias, se não me engano. E pelo o que fiquei sabendo ele que não autorizou. Fiquei sete anos no Palmeiras. Tira a questão se ganhou ou não ganhou, se é ídolo ou não é ídolo, se é querido ou não é querido. Passei sete anos ali. Enquanto eu fiquei no Palmeiras vi muito jogador que vinha de fora para se recuperar no departamento médico. E agora que o Palmeiras tem uma academia de primeiro nível eu fiz um pedido para treinar e fazer uma recuperação que ia demorar três ou quatro dias e fiquei sabendo que ele não autorizou. Se ele não autorizou para eu fazer uma recuperação imagina se ele ia autorizar para eu ser contratado?

Indiretas para Mattos

– Isso faz parte, né? Vocês sabem da coisa, mas jogador sabe ainda mais. Você fica sabendo de coisa que vira e pensa: “po, merecia isso?”… Mas já era, tem de olhar para frente. Não quero e nunca quis uma luta entre ele e eu, mas quando você ouve muita sacanagem de um lado você fica puto, né? Pelo tempo que eu passei, o mínimo gesto era falar: “pode vir, vem se recuperar, ficou sete anos aqui e você merece também”. Não deixaram. Ele não deixou. Eu nunca tive problema com o Palmeiras. Os problemas que eu tive no final foram com nomes próprios e não o clube.

Valdivia e Alexandre Mattos no Palmeiras, em 2015 — Foto: Cesar Greco / Ag. Palmeiras
Valdivia e Alexandre Mattos no Palmeiras, em 2015 — Foto: Cesar Greco / Ag. Palmeiras

Condição física

– Sempre procuro ter uma boa condição. A idade não é a mesma, você procura se cuidar mais, passa a treinar mais, a descansar mais, a ser muito mais profissional. Mas isso não tem nada a ver com o fato de você ter uma lesão. É totalmente diferente. Daqui a pouco você está treinando e sofre uma pancada, torce o tornozelo e já era, fica quatro semanas fora, perdeu condição física, musculação. Leva tempo para recuperar tudo isso. A minha condição física sempre foi boa e agora mais ainda. Com a idade você vai amadurecendo algumas ideias. Entendi que para continuar jogando em alto rendimento tem de se cuidar. Vocês viram no ano passado na Libertadores. Eu me sentia muito bem. Disputar a Libertadores é uma coisa mais linda que você pode ter. O fim da carreira está mais próximo do que cinco anos atrás. Você tem de manter o nível, o nome, e quando for encerrar a carreira tem de encerrar por cima.

Interesse do Santos

– Inclusive até o presidente do Santos foi entrevistado por um jornal do Chile e se posicionou sobre isso. Mas diretamente não recebi proposta nenhuma. Tenho de ser bem claro. Não sou um jogador que vai botar mentira na imprensa para tentar um melhor contrato com outra equipe ou ter uma vantagem no sentido de contrato. Vi sim, mas nunca falei com o Sampaoli, com ninguém do Santos. Não teve nada de alguma procura do Santos. Tudo o que saiu foi por conta de vocês, de novo (risos).

Felipe Zito e Tossiro Neto

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