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Amélio Amorim: três datas mais importantes de Feira

Professor Joselito Falcão de Amorim

Ex-vereador e ex-prefeito, o nonagenário professor Joselito Falcão de Amorim defende, em artigo assinado em 2015, que são três as datas mais importantes de Feira de Santana e não apenas uma – 18 de setembro de 1833, que a Câmara Municipal oficializou como o Dia da Cidade. Amorim entende que o Poder Legislativo seguiu apenas a orientação de Monsenhor Renato de Andrade Galvão, ex-pároco da Catedral Metropolitana e estudioso da história da cidade. E sugere uma ampla discussão sobre o assunto envolvendo pesquisadores, historiadores, professores da área, além da universidade com seu curso de História. (Adilson Simas)

A FEIRA E SUAS DATAS

Joselito Falcão  de Amorim

*Ex-prefeito de Feira de Santana

Compelido pelo amor à Feira, impulsionado pelo trepidar do coração, e, pelo fervilhar do sangue, depois de muito meditar, resolvi finalmente abordar alguns temas, que de há muito me atormentam a alma e que não posso e não devo deixar de externa-los. Se bem que procuro respaldo, olho ao redor de mim e não encontro.

Não sendo pesquisador, professor de história, jornalista, arquiteto ou engenheiro, como tecer comentários em áreas específicas e merecer crédito? Observo a sabedoria de alguns adágios populares: “Cada macaco no seu galho” e “Quem não quer se molhar não vai para a chuva”.

Seja como for, mereço ou não fé, afirmativas ou indagativas, lanço-me à arena. Antes, porém, um esclarecimento: não desejo melindrar ou ofender a quem quer que seja, são meros comentários desprovidos da pirotecnia. Se não úteis hoje, poderão ser no amanhã.

O comentário de hoje diz respeito às datas de Feira de Santana.

Assistí a uma conferência de um grande mestre feirense, que dissertou sobre a vida e obra de Monsenhor Renato Galvão. Belo trabalho, digno de aplausos e concordância de todos.

Conheci Galvão nos idos de 1965, quando aqui chegou como pároco da Catedral de Santana. Não fui cumprimentá-lo porque não soube da sua posse, porém o recebi logo depois na Prefeitura. Qual não foi o susto, quando ele com aquele vozeirão, ao cumprimentar-me afirmara que era meu colega três vezes.

Perplexo fiquei: “- Eu padre! Não!” – Afirmara: “– Prefeito, professor e inspetor federal”. Aí voltei à realidade: Ele acabara de renunciar a Prefeitura do município de Cícero Dantas e estava reiniciando suas atividades religiosas em Feira. Tudo correto: Prefeito, Professor e Inspetor de Ensino.

Convivi pouco com Galvão, logo depois em 1967, transferi-me para Salvador, a fim de colaborar com o Governador Luiz Viana Filho, o que não impediu que observasse o seu belo trabalho, principalmente na área social e acadêmica.

Quando da criação da Universidade Estadual de Feira de Santana, na constituição do Conselho Universitário, o Governador Luiz Viana Filho pediu-me que indicasse dois nomes para compor o mesmo e eu o fiz: Monsenhor Renato Galvão, pela sua competência e interesse por Feira e a Professora Maria da Hora Oliveira, titular da cadeira de Metodologia, pelo seu valor e em homenagem à Escola Normal.

Voltemos ao conferencista. Após longa e bela explanação, ao concluí-la, afirmou que dentre outros fatos importantes realizados em Feira por Monsenhor Galvão, corrigiu um grande erro histórico, pois a cidade estava comemorando erradamente sua maior data, a 16 de junho (data da elevação da vila à categoria de cidade).

Com seu prestígio conseguiu que a nobre Câmara Municipal adotasse a data correta, 18 de setembro (data da primeira sessão do Conselho Municipal) criado com a vila de Feira, por Decreto Imperial, por sinal sessão realizada na igreja. Concluo daí a preferência do Monsenhor Galvão.

Tenho lido sobre o assunto, consultando mestres: Rollie Poppino, Pedro Tavares, Raimundo Pinto, Oscar Damião e o próprio Monsenhor Galvão e fontes outas, donde concluí que Feira de Santana tem três datas importantes:

1 – 13 de novembro de 1832 – assinatura do Decreto Imperial que criou a Vila de Feira de Santana, desmembrando-a da cidade de Cachoeira, por sinal com 12 mil km quadrados.

2 – 18 de setembro de 1833 – data da realização da primeira sessão da instalação do Conselho Municipal (prevista para 6 de agosto, adiada para o dia 14 e finalmente realizada no dia 18 de setembro).

3 – 16 de junho de 1876 – data da lei que elevou a Vila à categoria de Cidade.

Como se vê, são três datas importantes e como tal devem ser referenciadas. A minha discórdia é quanto à afirmativa de ser “18 de setembro a mais importante”. Todas elas o são. Embora nossa Câmara Municipal tenha seguido a orientação de Monsenhor Galvão, ponho o assunto em discussão, nas mãos de pesquisadores, historiadores e professores da área, que melhor do que eu, têm condições de opinar. Hoje temos uma Universidade com curso de História, não seria importante que a mesma fizesse uma reflexão sobre o tema?

Admito que possa estar errado, e, como tal procuro argumentos convincentes…

Secom

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