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A tragicomédia brasileira

Não falta material para ridicularizar este governo: qualquer um pode diariamente encontrar a piada pronta do sr. Jair Bolsonaro.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                              Mas, sinceramente, desanima – e muito – ver de novo o nosso país reduzido ao “n’est pas serieux” que se atribui, aliás equivocadamente, a Charles de Gaulle, então presidente da França.

Estamos rindo de termos um presidente ignorante, sabujo ao ponto de querer mandar o filho, dublê de cowboy trumpista, ser embaixador nos EUA, enquanto o nosso país vira chacota internacional, completamente isolado nos fóruns multilaterais, alinhado ao Bahrein e à monarquia saudita.

Estamos seguindo, sôfregos, a lenta exposição do belo trabalho de um jornalista norte-americano sobre algo que toda a imprensa brasileira sabe há quase cinco anos: que a Lava Jato tornou-se um centro de conspiração política, destruindo empresas e política e alavancando projetos de poder com a promiscuidade dos órgãos judiciais.

Estamos discutindo se devemos ter uma “nova esquerda”, que defenda o mesmo que a velha direita, embora com mais modos e linguagem polida.

O país caindo pelas tabelas, as calçadas se enchendo de indigentes e o discurso segue o mesmo – ainda hoje repetido pelo general Augusto Heleno: o de que medidas econômicas só depois de totalmente aprovada a reforma da Previdência.

A falência de empresas, o fechamento de fábricas, o corte de gastos e investimentos públicos são, todos, quase comemorados pelo jornal, como se fossem a afirmação de uma “seleção natural” onde só os fortes sobrevivem.

Estão no poder há mais de três anos – quase cinco, se contarmos Joaquim Levy – e não há luz, só túnel.

É, em quase tudo, um pesadelo do qual só serve de consolo sabermos que dele vamos acordar.

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