Depois da fracassada tentativa de cruzar com a “ajuda humanitária” para a Venezuela através da fronteira do Brasil em Roraima, parlamentares de direita e de esquerda estão de acordo com uma posição: foi um erro o Brasil ter participado das ações intervencionistas dos Estados Unidos contra a Venezuela no último sábado (23).
Os países anunciaram o envio de 200 toneladas de alimentos e medicamentos para o país governado por Nicolás Maduro, mas as duas camionetes que chegaram à cidade de Pacaraima, em Roraima, na divisa com a Venezuela, nunca entraram no país vizinho.
Aliado importante do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ofereceu uma declaração à imprensa na segunda-feira (25).
“Todo mundo sabe que eu fui contra a participação do Brasil nessa ajuda humanitária porque a gente sabia que por trás dessa ajuda humanitária tinha um encaminhamento diferente do meu ponto de vista dos Estados Unidos”, criticou o parlamentar.”
Ele lembrou ainda que o país não pode ser usado pelos interesses estadunidenses.
“Acho que a gente tem que tomar um certo cuidado para o Brasil não ser instrumento de outro país que é grave, que precisa de uma solução, mas que não deve ter a intervenção do governo brasileiro”, concluiu.
Outra voz da direita brasileira que também condenou a participação do governo de Jair Bolsonaro na ação de apoio ao opositor venezuelano Juan Guaidó e dos Estados Unidos foi o senador por Roraima Telmário Mota, do Pros.
Em vídeo distribuído pelas redes sociais ele lembrou que a Colômbia e o Brasil foram usados como fantoches dos Estados Unidos.
Ele também afirmou que é a favor de uma ajuda humanitária, mas por meio de organizações internacionais como a Cruz Vermelha e pelas agências da Organização das Nações Unidas.
Ele acrescentou ainda que os Estados Unidos não está preocupado com a democracia na Venezuela e nem com os direitos humanos e lembrou que é o governo estadunidense o responsável por separar dos pais e manter presas crianças imigrantes que tentam através da fronteira com o México chegar no país governado pelo presidente Donald Trump.
“Ele quer usar o Brasil e a Colômbia para implantar uma guerra para ele ficar achando graça.
O problema dos Estados Unidos é geopolítico. Eles querem o petróleo e querem continuar comandando os países do terceiro mundo aqui na América do Sul”, disparou.
Na esquerda a posição também é de rechaço à decisão de Jair Bolsonaro em participar das ações golpistas no último sábado na fronteira entre Brasil e Venezuela.
Líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta recordou que a pressão dos setores internacionais para provocar uma intervenção armada na Venezuela não dão trégua.
Qualificou que a suposta ajuda humanitária tentou invadir a Venezuela, em referência às duas caminhonetes com alimentos que até hoje permanecem paradas na cidade roraimense de Pacaraima.
“A Venezuela tem que encontrar seu caminho de maneira democrática, pela paz e não pela guerra.
O Brasil não pode, de maneira alguma, seguir atuando como um capacho dos interesses norte-americanos, promovendo o conflito e levando o Brasil a uma aventura irresponsável contra o povo venezuelano”, denunciou Pimenta.
Brasil de Fato