Em entrevista à jornalista Thaiza Pauluze na Folha de S.Paulo, o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias, condena o autoritarismo de Jair Bolsonaro e critica severamente a gestão de Sérgio Moro à frente da pasta.
O ex-ministro atualmente a lidera a Comissão Arns, criada em fevereiro por 20 notáveis da luta pelos direitos humanos, e integrada também por CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), ABI (Associação Brasileira de Imprensa) e OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
Ele classifica como calamidade a gestão do ministro da Justiça, Sergio Moro, que a seu ver não tem pulso e é desmoralizado pelo presidente.
Na entrevista, José Carlos Dias criticou duramente o projeto de armas do governo Bolsonaro: “Nossa posição [Comissão Arns] é absolutamente contra esse projeto que aumenta e muito a possibilidade de a pessoa andar armada e ter arma em casa”. […] “Estatísticas mostram que continua a haver um apoio grande da população à manutenção do desarmamento [segundo o Datafolha, 61% dos brasileiros são contrários a liberação da posse].
“Hoje, temos um presidente autoritário, que está jogando todas as cartas para revogar o Estatuto do Desarmamento. É a cabeça dele. Está jogando para cima do Congresso o peso do próprio autoritarismo”.
O ex-ministro também se declara contrário ao chamado pacote anticrime do ministro Sergio Moro. “Temos que lutar contra esse projeto também. O principal absurdo é a questão da legítima defesa, que já existe no Código Penal. E transformar a legítima defesa com base na violenta emoção em causa para excludente de ilicitude é um absurdo. Justamente do agente [da segurança pública] é que você tem que exigir mais ponderação”.
Ao avaliar o conjunto da gestão do ministro da Justiça Sérgio Moro, Dias é contundente: “Uma calamidade. Ele mostra que realmente era um juiz suspeito e está praticando atos antidemocráticos” […] “Moro é um ministro que aceita ser desmoralizado pelo presidente”.
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