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Faixa de Gaza e Belém têm confronto entre palestinos e polícia de Israel

Muçulmanos participam de oração em frente ao Domo da Rocha, na Esplanada das Mesquitas, na cidade velha de Jerusalém, nesta sexta-feira (8) (Foto: Ahmad Gharabli / AFP)

Israel reforçou a segurança nesta sexta-feira (8), dia da grande oração na Esplanada das Mesquitas, após as convocações para que os palestinos protestem contra o reconhecimento por Donald Trump de Jerusalém como capital israelense. Confrontos entre palestinos e forças de segurança foram registrados nesta manhã em Belém e perto da fronteira com a Faixa de Gaza.

Na quinta-feira (7), o Hamas, movimento islâmico com atuação política e um braço armado, convocou uma nova intifada (termo utilizado para fazer referência à revolta palestina contra a política de expansão do governo de Israel).

Ismail Haniyeh, eleito líder geral do grupo em maio, pediu que palestinos, muçulmanos e árabes se manifestem contra a decisão dos Estados Unidos. “Deixem 8 de dezembro ser o primeiro dia da intifada contra o ocupante”, disse Haniyeh, que chamou esta sexta de “dia da raiva”. Neste, que é o 1º dos “três dias de fúria”, foram registrados protestos em vários países.

Após o apelo feito pelo Hamas, que recebeu o apoio do grupo xiita libanês Hezbollah, confrontos de manifestantes contra tropas israelenses foram registrados em Ramalah (onde fica a sede da Autoridade Palestina) e Belém, também situada na Cisjordânia ocupada. O exército israelense anunciou, por sua vez, o reforço da segurança na Cisjordânia. Também houve protestos em Jerusalém.

Os confrontos deixaram ao menos oito feridos. De acordo com o jornal israelense “Haaretz”, cinco palestinos ficaram feridos num ponto de controle em Al-Birah, perto de Ramallah e outros dois em Qalqilyah e Tul Karm. Em Gaza, um palestino ficou seriamente ferido, de acordo com o Ministério da Saúde palestino. A CNN afirma que 43 pessoas se feriram nos tumultos.

Intifadas e guerras: conheça a origem dos confrontos entre palestinos e israelenses

De acordo com a agência Reuters, militares israelense disseram que dois foguetes foram disparados da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, em direção a Israel, mas não chegaram a atravessar a fronteira. Um grupo jihadista em Gaza chamado Brigadas Al-Tawheed, que não segue a instrução do Hamas para não disparar foguetes, assumiu a responsabilidade pelos lançamentos. Em resposta, um avião e um tanque atacaram dois pontos de militantes na Faixa de Gaza.

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) deve se reunir nesta sexta-feira para discutir a situação no Oriente Médio.

Segurança reforçada

Nenhuma restrição de idade foi anunciada aos fiéis de Jerusalém que desejam comparecer à esplanada, ao contrário do que ocorreu em outros momentos de grande tensão na cidade. Porém, o porta-voz da polícia, Micky Rosenfeld, afirmou que “centenas de policiais e guardas de fronteira adicionais foram mobilizados dentro e nos arredores da Cidade Antiga”.

Um correspondente da AFP registrou um número maior de policiais nas ruas da Cidade Antiga, mas sem alcançar o nível de agentes mobilizados em situações de grande tensão.

A esplanada, terceiro local sagrado do islã, também venerado pelos judeus com o nome de Monte do Templo, fica em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel. As forças israelenses controlam todos os acessos.

Decisão polêmica

A ONU, o Papa Francisco, a União Europeia e lideranças do mundo árabe alertaram Trump sobre a gravidade da decisão de reconhecer Jerusalém como capital de Israel e fizeram apelo ao diálogo.

A medida, que prevê ainda a transferência da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém, compromete décadas de diplomacia americana, que intermediava um acordo de paz entre árabes e judeus e agora passa a ser visto como um ator sem neutralidade nas negociações.

A maioria dos países apoia a solução de dois Estados para resolver o confronto que se intensificou no início do século 20, com a disputa de judeus e palestinos pela capital Jerusalém. Na tentativa de manter a neutralidade, a comunidade internacional nunca reconheceu a soberania de Israel sobre a cidade.

História do Hamas e as intifadas

O Hamas é a sigla em árabe para Movimento de Resistência Islâmica. O grupo, que é o maior entre os islâmicos militantes palestinos, defende a criação de um único Estado palestino que ocuparia a área onde atualmente estão Israel, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.

A agremiação surgiu após o início da primeira intifada contra a ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, em 1987. Na ocasião, crianças que jogavam pedras nos tanques foram mortas por Israel, provocando a indignação da comunidade internacional.

A segunda intifada começou em 29 de setembro de 2000 e durou quatro anos. Os conflitos deixaram milhares de mortos dos dois lados.

Em 2006, o Hamas venceu as eleições parlamentares palestinas, o que provocou um racha com o grupo Fatah (fundado pelo líder palestino Yasser Arafat) dentro da Autoridade Nacional Palestina.

A divisão fez com que o Hamas passasse a controlar a Faixa de Gaza, a partir de 2007, e o Fatah ficasse com o comando da Cisjordânia (atualmente liderada por Mahmoud Abbas).

Israel considera o Hamas um grupo terrorista. Eles não dialogam.

Por G1

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