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O desastre Macri na Argentina e o silêncio da mídia brasileira

Macri, Argentina arrasada

Para não criticar Macri, que foi estrela das capas de revistas e jornais, a mídia se contorce dando notas breves e criticando com ressalvas.

A crise econômica da Argentina acelerou nas últimas semanas e levou a Aliança Cambiemos à sua situação mais complicada desde que tomou posse em dezembro de 2015.

Tanto a pressão do capital internacional – através da maciça fuga de capitais provocada pela desvalorização do peso – como por ter uma sociedade com um alto nível de organização e mobilização.

A alta do dólar, que superou os 40 pesos na semana passada, provocando uma desvalorização de mais de 100% até agora este ano, forçou o Executivo liderado por Mauricio Macri a tomar medidas drásticas.

Enquadrado no seu plano neoliberal, a resolução foi apostar em medidas de austeridade, algumas inéditas na história democrática do país.

Entre estas se destaca a descaracterização do Ministério da Saúde para o status de Secretaria dependente pasta de Desenvolvimento Social.

O mesmo aconteceu com o Ministério do Trabalho, que agora está sob a órbita da pasta de Produção, um retrocesso de 70 anos.

Por sua vez, isso faz parte de uma tentativa de reduzir o déficit fiscal que busca ser levado a zero até 2019.

Uma medida que não tem um histórico feliz na história da sociedade argentina: foi anunciado como a salvação pelo governo de Fernando de La Rua meses antes da eclosão da maior crise da história do país sul-americano em dezembro de 2001.

Para isso os gastos públicos serão ainda mais reduzidos, eliminando os subsídios para empresas privadas que, espera-se, o impacto sobre novos aumentos da taxa e da inflação (originalmente planejado pelo governo em 15% ao ano e já está previsto acima 35%).

As demissões de funcionários da administração pública também continuarão, como tem acontecido de forma sustentada, mas essa tendência será agora exacerbada pela eliminação de ministérios inteiros e seus consequentes programas.

Junta-se ao corte do orçamento para Educação e Ciência, que desencadeou um extenso conflito nas Universidades Nacionais que há um mês estão em greve.

Tudo isso aumentará o desemprego e a pobreza, como reconheceu o próprio presidente durante um discurso ao país divulgado na segunda-feira (3).

Aqui no Brasil, não saiu uma só linha sobre o desastre que é Macri nos jornalões que estão acostumados a se debruçar em crises na América Latina, como por exemplo, a dos venezuelanos.

Para não criticar o presidente neoliberal que foi estrela das capas de revistas e jornais, a mídia se contorce dando notas breves e criticando com ressalvas o governo do direitista Macri.

Ou seja, quando interessa, a mídia não mede esforços para criticar. E, neste caso silencia como se o mundo não soubesse o que esta acontecendo naquele país.

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