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Polícia identifica autor de ataque em show de Ariana Grande

Mulher presta homenagem a vítimas do atentado

A polícia britânica informou que Salman Abedi, de 22 anos, é suspeito de ter sido o homem-bomba que matou 22 pessoas e deixou 59 feridas em um ginásio de Manchester, na noite de segunda-feira.

“A prioridade agora é continuar a investigar se ele agia sozinho ou como parte de uma rede maior”, disse o chefe de polícia Ian Hopkins.

O homem-bomba, que a polícia diz ser Abedi, se explodiu do lado de fora do ginásio Manchester Arena, durante a saída de show da cantora pop americana Ariana Grande, às 22h33 locais (18h33 de Brasília).

Abedi era natural de Manchester e de família de origem líbia. Ele tinha ao menos três irmãos e viveu em diversos endereços em Manchester, entre eles um local na região de Fallowfield que foi alvo de buscas nesta terça-feira.

Ainda na manhã desta terça-feira, a polícia prendeu um jovem de 23 anos por suspeita de ligação com o atentado. Até o momento não há detalhes sobre o suspeito, detido na saída de um shopping da cidade.

Por meio de comunicado na rede social Telegram, o grupo islâmico  disse que o ataque foi realizado por “um dos soldados do califado”, mas a reivindicação de autoria ainda não foi verificada.

Das 22 vítimas do ataque, ao menos três foram identificadas: Saffie Rose Roussos, de 8 anos, a estudante universitária Georgina Callander, de 18 anos, e John Atkinson, de 28 anos.

Os feridos – que incluem 12 crianças com menos de 16 anos – estão sendo tratados em oito hospitais da região. Ainda há pessoas desaparecidas, entre elas cinco adolescentes.

Logo após o ataque, moradores da cidade britânica ofereceram acomodação a pessoas de fora retidas na cidade, com a hashtag #RoomForManchester no Twitter. Uma campanha de arrecadação organizada por um jornal local havia reunido até a tarde desta terça-feira cerca de R$ 1,5 milhão para apoio a famílias de vítimas do ataque. Também houve homenagens às vítimas no entorno da igreja St Ann’s.

Moradores de Manchester também organizaram uma vigília em frente à prefeitura da cidade na tarde deste terça. O prefeito da cidade, Eddy Newman, abriu o ato com um agradecimento aos serviços de emergência, que motivou fortes aplausos.

“O povo de Manchester se lembrará para sempre das vítimas, e derrotaremos os terroristas trabalhando juntos para criar comunidades coesas e diversas que são mais fortes juntas. Nós somos os muitos, eles são os poucos”, disse o político.

‘Cruel ataque’

Mais cedo, a primeira-ministra britânica, Theresa May, disse que o episódio foi um “cruel ataque terrorista” e “uma covardia terrível e repugnante”.

May chegou por volta das 14h de Manchester (10h de Brasília) ao local do ataque. Ela se reuniu com o comitê máximo de segurança do governo, o Cobra.

Os partidos britânicos estavam em plena campanha política para as eleições convocadas para o dia 8 de junho, mas a campanha será suspensa até segunda ordem.

Nesta terça-feira, a rainha Elizabeth 2ª e o duque de Edimburgo observaram um minuto de silêncio pelas vítimas no Palácio de Buckingham.

O ataque em Manchester foi o mais grave atentado à bomba do Reino Unido desde os ataques no sistema de transportes de Londres de 2005, que deixaram 52 mortos.

Na ocasião, quatro jovens muçulmanos britânicos detonaram explosivos em três vagões do metrô e um ônibus em Londres. Mais de 700 pessoas ficaram feridas.

O país está em estado de alerta “alto” para ataques terroristas há dois anos. O último ataque do tipo foi há dois meses, no centro de Londres, quando um homem atropelou pedestres na ponte de Westminster e tentou invadir o Parlamento armado com uma faca, matando cinco pessoas e ferindo outras 50.

Testemunhas
O britânico Josh Elliot, que estava no show, relatou  que “houve um grande estrondo, e todos começaram a correr”.

“Foi um tumulto, foi terrível. As pessoas choravam, e havia carros de polícia por todos os lados. Levantamos (do chão) quando achávamos que estávamos em segurança e saímos (da arena) o mais rápido que conseguimos”, disse.

Outras testemunhas também descreveram um cenário de caos.

“Ariana Grande tinha terminado a última música e houve um grande barulho. Eu vi pessoas correndo e também corri instintivamente. Terminamos em um corredor sem saída. Foi apavorante. Encontrei a porta principal e havia gente chorando por todo lugar”, afirmou o estudante Sebastian Diaz, de 19 anos.

Uma mulher contou que estava no show com a filha de 14 anos e que ambas haviam decidido começar a sair pouco antes do final da apresentação.

“Quando estávamos saindo ouvimos um estrondo enorme. Na hora pensei que tínhamos perdido algo do show, mas quando nos viramos havia uma multidão descendo as escadas, pessoas caindo. Peguei minha filha e corremos. Pessoas estavam sendo esmagadas no chão.”

Um porta-voz de Ariana Grande – cujo público é majoritariamente infanto-juvenil – disse que a cantora não se feriu. Pelo Twitter, ela disse estar “devastada” pelo que aconteceu. “Do fundo do meu coração, eu sinto muito. Não tenho palavras”, escreveu.

paramédicos voluntários que disseram ter atendido pessoas com ferimentos foram causados por estilhaços. Segundo o serviço de emergência local, 60 ambulâncias foram enviadas ao ginásio.

Linhas que passam pela estação Manchester Victoria, próxima ao local do show, foram bloqueadas – a estação ficará fechada nesta terça-feira.

A polícia de Manchester isolou a área da arena e também fez uma detonação controlada de um objeto após a primeira explosão – mas eram apenas roupas abandonadas.

Representante do governo local, Richard Leese, comentou na noite de segunda-feira que “Manchester não irá se curvar e seguirá crescendo e prosperando”.

“Não podemos deixar atos assim nos abater, temos que demonstrar que vamos seguir vivendo nossas vidas. Esse é o momento que temos que ser mais fortes do que nunca”, acrescentou.

BBC

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