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Sócio da Gol cita repasses a Maia em delação premiada

“Nunca me pagou nada, isso é mentira dele”, disse Maia, sobre delação do sócio da Gol Henrique Constantino. (Photo credit should read EVARISTO SA/AFP/Getty Images)

O empresário Henrique Constantino, um dos sócios da companhia aérea Gol, citou em acordo de delação premiada o presidente da Câmara,  Rodrigo Maia  (DEM-RJ), como envolvido em “benefícios financeiros” por meio da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), segundo informações obtidas pela Reuters.

A menção a Maia e a outros sete parlamentares e ex-parlamentares consta do Anexo 7, um dos 10 anexos do acordo de colaboração que o empresário firmou em fevereiro com o Ministério Público Federal (MPF), que foi homologado pela Justiça Federal em Brasília.

O conteúdo da delação que envolve o presidente da Câmara e os demais parlamentares e ex-parlamentares, que foi obtido pela Reuters, está sob sigilo.

Em entrevista durante viagem que faz a Nova York, Maia disse que Constantino está mentindo e que esse será “mais um” dos casos de investigação arquivada.

“Nunca me pagou nada, isso é mentira dele. Não tem como provar e vai ser mais um inquérito arquivado na Justiça brasileira”, afirmou Maia, ao chegar para um jantar com empresários e investidores estrangeiros organizado pelo Grupo Safra, na segunda-feira (13).

“Nunca tive relação com ele, nunca tive nenhum benefício deles. Como outras delações que já foram arquivadas, como da Odebrecht, essa vai ser arquivada também”, completou.

O presidente da Câmara disse que não conhece o empresário e que vai dar explicações à Justiça com “a maior tranquilidade do mundo”. “Nunca falei com ele na minha vida”, afirmou.

Em nota, a Abear disse desconhecer os fatos e o teor da delação de Constantino. “Caso a entidade seja procurada pela Justiça para esclarecimentos, estará à disposição”, acrescentou.

A Gol afirmou, também em nota, que Constantino não faz parte da administração da empresa desde o final de julho de 2016, quando deixou o conselho de administração, e disse que a companhia sempre esteve à disposição e colaborou com as autoridades.

Temer, Geddel e Eduardo Cunha

Na delação, Constantino acusou também, em depoimento ao Ministério Público Federal em Brasília, políticos do MDB —como o ex-presidente Michel Temer, o ex-ministro Geddel Vieira Lima e o deputado cassado Eduardo Cunha.

Na delação, o empresário disse que houve pagamentos de propina em troca da liberação de financiamentos da Caixa Econômica Federal para suas empresas.

Constantino relatou, em depoimento feito no dia 25 de fevereiro a procuradores da República, que participou de uma reunião com o então vice-presidente da República Michel Temer, em 2012, na qual houve a solicitação de R$ 10 milhões em troca da atuação dos emedebistas em favor dos financiamentos pleiteados pelo seu grupo empresarial na Caixa.

Segundo o empresário, o repasse de R$ 10 milhões foi efetuado por meio de pagamentos para a campanha à prefeitura de São Paulo de Gabriel Chalita, à época filiado ao MDB, por meio de empresas indicadas pelo doleiro Lúcio Funaro.

Temer, que está preso desde a semana passada e deve ter julgado nesta terça-feira (14) um pedido de liberdade pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou qualquer irregularidade, por meio de nota da defesa.

 Reuters

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