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Após morte de Antonio Candido, USP decreta três dias de luto

Autor de 'Formação da Literatura Brasileira' deu aulas na USP e ganhou prêmios como Jabuti e Camões.

Reitoria da Universidade de São Paulo (USP) decretou luto de três dias após a morte de Antonio Candido, nesta sexta-feira (12). “A Reitoria decretou luto oficial na USP, nos dias 12, 13 e 15 de maio, em razão do falecimento do professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e crítico literário, Antonio Candido de Mello e Souza”, afirmou a assessoria de imprensa da universidade, em um comunicado.

As aulas na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) também foram suspensas nesta sexta. O Centro Acadêmico Oswald de Andrade (Caell), dos estudantes de letras da USP, também decretou luto e suspensão das atividades nesta sexta.

“Crítico literário, sociólogo, intelectual e militante político, Antonio Candido revolucionou a maneira de pensar a cultura nacional e interpretar o Brasil. Através de sua obra, nos propiciou compreender a literatura como um direito do ser humano e por toda sua vida nos ajudou a traduzir nosso país. Nós, Centro Acadêmico, em nome de todas e todos estudantes do curso de letras da Universidade de São Paulo, vimos publicamente manifestar o mais profundo agradecimento ao professor Antonio Candido, pilar dos estudos literários e sociológicos que cotidianamente permeiam nossa formação. Decretamos, portanto, luto e suspensão das atividades do CAELL neste dia”, afirmou a entidade, em uma nota publicada em sua página no Facebook.

Crítico literário e sociólogo, Antonio Candido morreu em São Paulo na madrugada desta sexta-feira aos 98 anos. O velório ocorre no Hospital Albert Einstein, no Morumbi, até as 17h. Ele deixa as filhas Ana Luísa e as também professoras de História da USP, Laura de Mello e Souza e Marina de Mello e Souza.

Candido foi um dos mais importantes críticos literários brasileiros. Ele nasceu no Rio de Janeiro, em 24 de julho de 1918, filho do médico Aristides Candido de Mello e Souza e de Clarisse Tolentino de Mello e Souza.

Na infância, não estudou em escolas e foi educado em casa tendo a mãe como professora. Ainda criança, ele se mudou para Poços de Caldas (MG), e depois para São João da Boa Vista, no interior de São Paulo. Também viveu na França, entre 10 e 12 anos.

Em 1937, iniciou os cursos de Direito e de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP). Quatro anos depois, ele se formou em Ciências Sociais.

Iniciou a carreira como crítico literário nos anos 40, tendo escrito para jornais como “Folha da Manhã”, “Diário de S. Paulo” e “O Estado de S. Paulo”.

Tornou-se livre-docente de literatura brasileira em 1945 e doutor em ciências em 1954. Em 1974, passou a ser professor titular de teoria literária e literatura comparada da USP, cargo em que se aposentou em 1978.

O velório ocorre no Hospital Albert Einstein, no Morumbi, até as 17h. Ele deixa as filhas Laura e Marina, também professoras de história da USP, e Ana Luísa. Marina disse que o pai tinha hérnia de hiato no estômago, não se sentiu bem e foi internado no sábado.

“Espero que a morte dele seja um momento para a sociedade brasileira pensar sobre ética, ele era um homem muito coerente com seus ideais. Eu acho que seria bonito se o Brasil pudesse colocar a mão na cabeça e lembrar da geração dele, da geração que ele representa, uma geração que prezava os valores da democracia, os ideias e se comportava conforme valores mais amplos do que interesses pessoais e privados”, afirmou Marina, filha dele.

Segundo ela, o pai estava lúcido até os últimos momentos. Sobre a crise política e o momento atual no mundo, Antonio Candido “estava muito triste. Ele estava assustado com o mundo, com os conflitos, a violência, a guinada à direita no mundo”, relembra Marina. “Ele estava preocupado que tínhamos perdido conquistas e direitos”, disse ela.

Velório e último texto

O velório ocorre até as 17h, em caixão fechado. O corpo será cremado em uma cerimônia para a família. Na última sexta-feira, antes de ser internado, Antônio Cândido revisou seu último texto, escrito a mão, sobre o trabalho que teve com Oswald de Andrade. O texto ainda será publicado.

A revisão ocorreu a pedido de um ex-aluno, Jorge Schwartz, diretor do Museu Lasar Segall, que foi a casa de Antônio Cândido com uma amiga e também ex-aluna, Berta Waldman, que foi sua orientanda em mestrado de literatura na USP.

“Eu levei até a casa dele a transcrição de uma palestra dele sobre Oswald de Andrade que queria publicar. Ele me disse que estava muito informal, pois era uma fala, e que tinha um texto escrito novo sobre Oswald de Andrade. O texto estava todo rabiscado, com correções. Me pediu para passar a limpo e eu disse: ‘claro, professor’. Trouxe de volta e ele fez mais correções. Ele estava bem lúcido”, disse Jorge.

G1

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O crítico literário Antônio Cândido, em foto de julho de 1998 (Foto: Cris Bierrenbach/Folhapress/Arquivo)

Crítico literário e sociólogo, Antonio Candido morreu em São Paulo na madrugada desta sexta-feira aos 98 anos. O velório ocorre no Hospital Albert Einstein, no Morumbi, até as 17h. Ele deixa as filhas Ana Luísa e as também professoras de História da USP, Laura de Mello e Souza e Marina de Mello e Souza.
Candido foi um dos mais importantes críticos literários brasileiros. Ele nasceu no Rio de Janeiro, em 24 de julho de 1918, filho do médico Aristides Candido de Mello e Souza e de Clarisse Tolentino de Mello e Souza. Na infância, não estudou em escolas e foi educado em casa tendo a mãe como professora. Ainda criança, ele se mudou para Poços de Caldas (MG), e depois para São João da Boa Vista, no interior de São Paulo. Também viveu na França, entre 10 e 12 anos.
Em 1937, iniciou os cursos de Direito e de Ciências Sociais na Universidade de São Paulo (USP). Quatro anos depois, ele se formou em Ciências Sociais.
Iniciou a carreira como crítico literário nos anos 40, tendo escrito para jornais como “Folha da Manhã”, “Diário de S. Paulo” e “O Estado de S. Paulo”.
Tornou-se livre-docente de literatura brasileira em 1945 e doutor em ciências em 1954. Em 1974, passou a ser professor titular de teoria literária e literatura comparada da USP, cargo em que se aposentou em 1978.

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