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Escritor premiado fala sobre literatura no interior de SP

Dia do Livro Infantil: escritor premiado fala sobre literatura no interior de SP — Foto: João Paulo Hergesel/Arquivo Pessoal

De repente, o ventilador de teto vira uma hélice de helicóptero que sobrevoa um mundo encantado ou um poste de luz passa a ser um extraterrestre disfarçado, pronto para atacar. Da imaginação de João Paulo Hergesel histórias diversas se materializaram em 22 livros já publicados.

O escritor de 26 anos mora em Alumínio (SP) e é formado em licenciatura em letras, tem mestrado em comunicação e cultura e atualmente faz doutorado em comunicação. No Dia do Livro Infantil, comemorado em 2 de abril, João Paulo conta ao G1 sobre a carreira e revela que era a criança que gostava de inventar histórias.

“Eu olhava para as coisas e acreditava que elas eram mais do que aparentavam ser. Lembro que, no passado, eu imaginava diálogos entre a porta e a janela do meu quarto, sugeria ações humanas para os brinquedos, entre outras invencionices.”

Das publicações, João Paulo tem sete livros infantis e infanto-juvenis, cinco juvenis e cinco para o público adulto, além de cinco livros acadêmicos para a área de pesquisa do escritor. Para o escritor, as crianças formam o público mais receptivo à narrativa de histórias criativas, que beiram o fantástico.

“Quando, em encontros e bate-papos literários, falo de princesas malvadas, de vacas que cantam, de gatos que mergulham no fundo do mar, etc., sinto que o interesse é grande; então, fazer essa transição para a escrita se torna ainda mais prazerosa.”

João Paulo ainda explica que as histórias voltadas ao público infanto-juvenil trabalham tramas diferentes da literatura adulta. “As narrativas infantis contêm temáticas que dialogam diretamente com o contexto linguístico, histórico, social e cultural da criança.”

Para ele, o consumo desse tipo de história movimenta o lado cognitivo, psicológico, criativo e intelectivo do público.

Outra importância da literatura infantil é a representatividade que as histórias promovem nas crianças, fazendo com que elas se espelhem nos personagens e desenvolvam afeto. João explica que a ficção acaba sendo um reflexo encantado da realidade e permite que os jovens leitores se apropriem de características dos personagens para aplicá-las em seu dia a dia.

“Todo mundo pode ser um super-herói durante a leitura e, posteriormente, utilizar as virtudes heroicas na vida real. Eis, inclusive, a importância de disseminar mensagens positivas e benévolas nas histórias direcionadas a esse público.”

Viver de livros?

Na região de Sorocaba (SP), ele percebe ações que ajudam a promover a literatura destinada a crianças e adolescentes, como contação de histórias e bate-papos. Entretanto, a baixa frequência de público em eventos literários preocupa quem trabalha no setor.

“Por mais que sejam eventos gratuitos, intensamente divulgados em redes sociais e na imprensa, que recebam apoio informal de amigos e conhecidos, a adesão é escassa. Como consequência, torna-se difícil viver somente com a profissão de escritor; temos de desenvolver outras atividades para conseguirmos uma renda compatível com o custo de vida no Brasil.”

Mesmo assim, o jovem já recebeu prêmios pelas publicações na área infanto-juvenil. Uma das mais importantes foi o Prêmio Barco a Vapor (Fundação SM), em 2018, pelo livro “A vaca presepeira”.

Entre outras conquistas de João estão o Desafio dos Escritores (Câmara dos Deputados), que premiou o “Um gato caolho do rabo comprido”; o Concurso Monteiro Lobato (SESC-DF), que premiou o “Como calar a boca de um dragão?”; o Prêmio Ganymedes José (União Brasileira de Escritores), que premiou “Criaturas de linguagem” e o “Nectarinas”; e o Programa de Ação Cultural (Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo), que financiou o “Quem disse que não te entendo?”.

G1

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