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Literatura e cinema ajudaram a tornar Notre-Dame conhecida no mundo

(Courtesy: TripAdvisor)

Em mais de oito séculos de história, a literatura e o cinema ajudaram a transformar a principal igreja de Paris num símbolo reconhecido mundialmente.

Parecia um milagre: Notre-Dame finalmente passaria finalmente por uma grande restauração. Santos de três metros ganharam as alturas.

Mas o chamado foi da Igreja e não dos céus. O apoio financeiro era urgente: o vento batia e a catedral se despia em pedregulhos. Bastava o toque de um dedo para um pedaço de calcário desmoronar.

A decadência do prédio não era novidade. Há quase 200 anos, Victor Hugo denunciou “mutilações, amputações” na “nossa Dama”. O célebre escritor enxergava cicatrizes “ao lado de cada ruga na face desta velha rainha de nossas catedrais”.

O livro “Notre-Dame de Paris” lançou luz sobre o estado decrépito do edifício. Mas Victor Hugo também ajudou a construir a fama do lugar. A história do Quasimodo, o sineiro desfigurado inspirou adaptações no cinema.

O “Corcunda de Notre-Dame” constrangeu autoridades na época. O romance provocou uma restauração em 1844, que usou pedras de baixa qualidade e até cimento.

Mas nada abalou a reputação de Notre-Dame, hoje o lugar mais visitado da França: 13 milhões de pessoas de todo o mundo visitam a catedral, uma média de 30 mil por dia.

Uma Notre-Dame em chamas causa um choque próximo ao de um Big Ben pegando fogo. Esse ícone londrino também passa por obras, o que deixa essa tragédia ainda mais familiar. Mas, na verdade, cada país pode imaginar a perda dos seus símbolos. Então, fica fácil para o mundo inteiro sentir essa tristeza de Paris.

O incêndio desta segunda-feira (15) devorou um trabalho de 182 anos. Quase dois séculos. Uma catedral construída por franceses humildes. Pedra sobre pedra.

O resultado foi um marco na arquitetura gótica; uma obra-prima de mais de 850 anos. As gárgulas observavam lá de cima a História da França. Pássaros monstruosos disfarçavam os canos por onde escoava chuva. Mas esta segunda não era dia da água. As gárgulas não conseguiram afastar os maus espíritos – e se viram aterrorizadas pelo descaso humano.

Jornal Nacional

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