Richard Wagner estava morto há décadas quando Hitler subiu ao poder na Alemanha e buscou na música do alemão a gênese dos heróis- seus poderes de superar as próprias fraquezas, suas vontades de potência- para reacender aquilo que ele acreditava que a primeira guerra mundial havia destruído no país: a identidade daquele povo.
Não por responsabilidade de Wagner mas a associação da música dele a Hitler fez com que as belezas de suas composições fossem banidas por décadas de Israel.
Roberto Alvim, da Cultura de Bolsonaro, usou a música de Wagner associada ao nazismo. Gerou repulsa na comunidade israelita, no mundo democrático etc.
O discurso deste Goebbels tropical tinha ao fundo o prelúdio de Lohengrin, de Wagner, o herói cristão. Essa mesma música foi usada no filme O Grande Ditador, de Chaplin, no final, quando ele faz o famoso discurso de paz entre os homens.
A diferença é que Alvim usou elementos do nazismo para promover seu prêmio para as artes: acertou no alvo. Se a ferida sangrou, na cabeça dele, a história é outra.
Outra diferença: a música não embalou o discurso pela paz. A era Bolsonaro incita ao crime, à violência, todos os dias. A explosão ainda não aconteceu. Mas o caldeirão está fervendo.
Os índios vão reagir quando suas reservas forem destruídas para a exploração de minerais- entre eles, o petróleo; os sem-terra vão reagir quando corpos de seus irmãos forem enfileirados.
E quem mais?
Muita gente. Na ditadura, os grupos armados de reação ao regime serviam como resposta à violência, com mais violência.
Bolsonaro inflama ódio todos os dias para fazer as ruas explodirem. Daí, vai implantar um regime de força. Como fez Hitler.
Estranho é o silêncio das instituições democráticas. Usar elementos do nazismo associados a uma política de Estado não é crime?
Parece que não.
Odilon Rios