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Desmatamento preocupa e convocações de boicote ao Brasil se espalham

(Foto: PR | Reuters)

Começam a circular nas redes sociais convocações para um boicote a produtos do Brasil por causa do aumento do desmatamento na Amazônia. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) havia alertado que a destruição em junho cresceu 88% e em julho 278% na comparação com iguais períodos de 2018. A hashtag #BoycottBrazil começa a se espalhar. Usuários do Twitter escrevem coisas do tipo (em inglês).

“Não vou comprar nada do Brasil até que essa loucura acabe. #boicoteoBrasil nem vou assistir a vídeos do Ronaldo no YouTube (I am not going to buy anything from #brazil until this madness stops. #boycottbrazil I´m not even going to watch youtube videos of@Ronaldo)”, diz o texto. Os relatos das redes sociais foram publicados na coluna de Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de S.Paulo.

Por causa do desmatamento, a Alemanha anunciou a suspensão de quase R$ 155 milhões destinados a projetos de preservação ambiental da Amazônia e a Noruega anunciou o bloqueio de cerca de R$ 133 milhões, destinados ao Fundo Amazônia.

Asa Cusack, editor-chefe do blog de América Latina e Caribe da London School of Economics, alertou para a devastação sem precedentes no Brasi.

“#BoicoteoBrasil é uma reação natural, justificável e totalmente previsível do #RezePelaAmazônia. Se decolar, e eu espero que decole, poderia criar sérios problemas para #Bolsonaro e seus fãs míopes na elite do agronegócio (#BoycottBrazil is a natural, justifiable, and totally predictable reaction to #PrayForTheAmazon. If it takes off, as I hope it will, it could create some serious problems for #Bolsonaro and his short-sighted fans amongst the agro-elite)”, afirmou.

Outros são ainda mais específicos: “#BoicoteOBrasil eles elegeram esse tirano, e a indústria de carne bovina deles é a principal causa de tudo isso. Vamos atingi-los onde dói —recusem-se a comprar qualquer produto brasileiro: café brasileiro, carne brasileira, soja brasileira”.

A devastação vem causando perplexidade no exterior. No começo deste mês, o jornal alemão Zeitalertou em sua versão online que Bolsonaro “é um denunciante da mudança climática e duvida que represente uma ameaça à humanidade”.

“Recentemente, ele eliminou quase completamente o orçamento de proteção climática. Bolsonaro também é amigo da indústria agrícola. Consequentemente, ele não tentou justificar o aumento do desmatamento desde que assumiu o poder em 1º de janeiro”, disse.

A revista Der Spiegel cobrou sanções do Brasil. “A Europa não deve ficar de braços cruzados enquanto um preconceituoso cético da ciência, movido pelo ódio, sacrifica vastas áreas de floresta para pecuaristas e plantações de soja”, disse a revista.

A possibilidade de boicote não é à toa, como atestou o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Marcello Brito, CEO da Agropalma. “Vai custar caro ao Brasil reconquistar a confiança de alguns mercados internacionais”, disse ele à reportagem ao jornal Valor Econômico.

Questionado se “é questão de tempo que parem de comprar do Brasil”, ele foi direto ao ponto: “É questão de tempo”.

O agronegócio movimenta mais de R$ 1,2 trilhão ao ano e contribui com mais de 20% do PIB.

Fora do Brasil, o ator estadunidense Leonardo DiCaprio, por exemplo, criticou a devastação do bioma. “Aterrorizante pensar que a Amazônia é a maior floresta tropical do planeta, criando 20% do oxigênio da Terra, basicamente os pulmões do mundo, tem pegado fogo e queimado nos últimos 16 dias consecutivamente, literalmente sem cobertura da mídia! Por quê?”, questionou ele no Instagram.

Brasil 247

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