Tempo - Tutiempo.net

Empreiteiras criam “bolsa dedo-duro”. Roube, delate e viva na fartura eterna

Vergonha jurídica nacional

Não existe nada mais caro ao Direito do que o seu sentido lógico.

Não existe “prêmio” por colaborar com a Justiça, exceto, na lei de “delação premiada” a redução da pena que alguém deveria ser submetido em até  dois terços ou sua conversão em medidas restritivas de direitos, conforme o caso.

Não existia.

Porque, publica hoje a Folha, as empreiteiras, de olho em resolverem as condenações de seus dirigentes máximos, oferecem a legiões de seus altos funcionários a “bolsa delação”, com salários, pensões e/ou outras remunerações por até 15 anos.

Mamata tão boa que, só na Odebrecht, 50 funcionários se candidatam a delatores, alguns admitindo até usarem, por algum tempo, a tal tornozeleira eletrônica. Há outra dezena e meia  na mesma situação na Andrade Gutierrez.

São, literal e assumidamente, testemunhas compradas.

Dirão o que os seus “benfeitores” quiserem que se diga, é óbvio.

É muito cinismo pretender que isso não se enquadre no artigo 343 do Código Penal (Corromper testemunha – “dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha(…) para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento…) porque, presumidamente não vão fazer “afirmação falsa”.

Desde quando delator tem a presunção da verdade.

 Seja como for, é monstruoso que se possa, nas barbas da Justiça, fazer a “mega-sena” da delação, oferecendo vantagens a quem se dispuser a praticá-la.
 Uma Justiça que aceite isso é imoral, sórdida e aliciadora.
As grandes empreiteiras, depois da temporada de caça que lhes abriu Sérgio Moro reproduzem o que aprenderam como ele: o crime compensa, desde que se produzam acusações contra “as pessoas certas”.
Virou um grande festival de bandidagem e de corrupção, agora de delatores comprados por vantagens e privilégios.

OUTRAS NOTÍCIAS