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Novo indiciamento de Lula. A novela que encobre o drama

De repente, não mais que de repente, surge um novo indiciamento de Lula pela Polícia Federal

De repente, não mais que de repente, surge um novo indiciamento de Lula pela Polícia Federal, num caso que andava rolando pelos cantos, onde o ex-presidente é acusado de favorecimento por prorrogar o prazo de uma redução de impostos criada por Fernando Henrique Cardoso que estimulava a criação de montadoras de veículos no Nordeste.

A história, de poucos pés e nenhuma cabeça e menos provas ainda, tem, entretanto, outra serventia.

Ocupa, com seu escândalo, o espaço do que é, neste momento, a prioridade da “turma da bufunfa”, que suga e se nutre do Estado e que acha que o cidadão deve trabalhar como um escravo, sem direitos e até que morra.

Convicto que a nossa Justiça, sempre tão atenta a seus privilégios, cuidará de preservar – e tratar com discrição – os políticos que ocupam o Governo para defender os interesses dos ricos, Michel Temer vai tocando seu indecoroso projeto de compra de votos para aprovar as reformas trabalhista e previdenciária, distribuindo anistia de impostos, financiamentos e verbas para emendas parlamentares.

Neste caso, como faziam os coronéis da roça com os dois pés da botina, vai um pedaço antes e o outro depois de atestada a fidelidade.

A nossa imprensa, cumpre a formalidade de noticiar, mas tudo muito distante do que faz, quando os personagens são outros: não há escândalo, não há campanhas, os casos –  dos escabrosos aos picarescos, como este da babá do Michelzinho – surgem e desaparecem,  na penumbra da conveniência.

Nas duas frentes, pressa.

Pressa para permitir que se consume o plano de condenar Lula em segunda instância e garantir assim a única circunstância em que a direita tem chances eleitorais.

Pressa, também, para fazer votar os dois projetos abjetos, que enfrentam resistência mesmo num Congresso acanalhado, que tem joelhos para o capital e não tem ouvidos para seu povo.

E ambas as pressas são para que cheguem a seus objetivos antes que o voto popular possa alcançá-los.

As acusações mequetrefes contra Lula e Dilma –  sem provas, sem depósitos, sem contas secretas, sem vida luxuosa que as pudessem corroborar – não servem apenas, como na charge do sempre atilado Aroeira, como chave de cadeia para a turma que, esta sim, botou a mão na grana e enriqueceu, mas abre também os cofres da nação e o bolso do trabalhador para outros ladrões, que nos roubam o futuro como nação civilizada.

Fernando Brito

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